“Os crimes de ódio contra pessoas ‘queer’ estão a aumentar, a retórica anti-LGBTQ+ está a tornar-se socialmente mais aceitável e muitos indivíduos ‘queer’ já não se sentem seguros em espaços públicos”, denunciou, em declarações à agência Lusa, o ativista iraniano-alemão Bonyad Bastanfar.

Milhares de pessoas têm-se manifestado nas últimas semanas em várias cidades da Alemanha para defender os direitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e trans), num contexto de subida da extrema-direita nas eleições legislativas antecipadas no próximo domingo.

A comunidade adverte contra a agenda da Alternativa para a Alemanha (AfD), em segundo lugar nas sondagens, e o efeito dessa retórica, nomeadamente no discurso social.

“O tom da sociedade tornou-se mais duro. As posições extremistas de direita estão a ser normalizadas e as pessoas sentem-se encorajadas a exprimir abertamente o seu ódio. A ‘queerfobia’, o racismo e a misoginia estão a aumentar – não só nas ruas, mas também na política”, referiu o defensor dos direitos destas minorias.

Bonyad Bastanfar alertou ainda para o contágio no discurso de outros partidos, nomeadamente da União Democrata-Cristã (CDU), favorita nas intenções de voto.

“Quando partidos como a AfD promovem ideologias de ódio e outros se aproximam mais da direita, cria-se um ambiente em que a discriminação se torna aceitável”, referiu, acrescentando: “Um governo que não protege ativamente os direitos LGBTQ+ – ou pior, que trabalha ativamente para os restringir – poderia legitimar e amplificar ainda mais este ódio”.

A poucos dias das eleições, a comunidade exige a “todos os partidos democráticos” que “tomem uma posição clara e intransigente contra o extremismo de direita, a ‘queerfobia’ e o racismo”.

“Não basta fazer promessas de campanha: precisamos de leis que protejam as pessoas ‘queer’, reforcem o direito de asilo e protejam as comunidades marginalizadas”, sustentou, afirmando esperar que os partidos “não se deixem influenciar por narrativas de direita”.

Reconhecendo que se assiste atualmente a “mais ataques, mais intimidação”, Bonyad Bastanfar destacou que há também “mais resistência”.

“E nós vamos continuar a lutar”, garantiu.

A Alemanha realiza no domingo eleições legislativas antecipadas – estavam previstas para 28 de setembro -, na sequência da queda da coligação governamental liderada por Olaf Scholz e composta pelo SPD (social-democrata), pelos liberais do FDP e pelos Verdes.