“A Iniciativa Liberal decidiu pedir um debate de urgência em matéria de saúde. Entraremos nas próximas horas com um requerimento na Assembleia da República”, adiantou Rui Rocha, reconhecendo que o Governo está a terminar as suas funções.
O líder da IL lembrou que a Assembleia da República “continua a ter as suas competências intactas”, pelo que se mantém a “obrigação de escrutínio [do Governo] perante os portugueses”.
Rui Rocha falava após uma reunião com o conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), onde encontrou problemas comuns a vários pontos do país, nomeadamente a “dificuldade de recrutamento de pessoal, sobretudo pessoal médico”.
Além de todas as dificuldades que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta, com a falta de médicos, o que também é um problema em Leiria, frisou Rui Rocha, a carga fiscal dificulta a atração de médicos.
"Existem majorações para fixação de pessoal médico em determinadas zonas do país, mas a carga fiscal que todos em Portugal temos de suportar, e também o pessoal médico, acaba por fazer com que esses incentivos e essas majorações sejam pouco relevantes”, considerou.
Segundo o presidente da IL, “o que fica no bolso dos profissionais de saúde no final do mês, mesmo com essas majorações, não compensa o esforço de se deslocarem e de se tentarem fixar em regiões diferentes do país”.
Rui Rocha afirmou ainda que “há neste momento muitas áreas onde não estando disponível uma urgência de uma determinada especialidade implica que as pessoas tenham de fazer dezenas ou até centenas de quilómetros para encontrar uma solução”.
Para o líder da IL, a falta de acesso à saúde com que os portugueses se estão a confrontar é “demasiado grave e revela um falhanço da gestão socialista”.
“Muitas vezes, as urgências têm um impacto muito grande, porque os cuidados de saúde primários não estão a funcionar. Há quase um 1,7 milhões de portugueses sem médico de família”, constatou.
A solução, segundo apontou, é os utentes dirigirem-se às urgências, “a única porta do SNS que ainda está aberta”.
“Quando depois vemos as urgências a encerrarem um pouco por todo o país em diversas especialidades, essa única porta deixa de estar aberta também. Os portugueses estão abandonados à sua sorte e isso é francamente intolerável”, alertou.
Afirmando que a criação de 31 novas Unidades Locais de Saúde (ULS) a partir de 01 de janeiro é um desafio, Rui Rocha advertiu que “não há soluções mágicas e muitos problemas permanecerão”.
“Não temos uma resistência de princípio a este modelo. Esperamos que corra bem. Remendos os portugueses já têm tido ao longo dos tempos na área da saúde. É preciso uma solução estrutural nesta matéria, que as ULS em si mesmas não trarão”, disse.
O presidente da IL defendeu, por isso, que a resposta na saúde seja dada aos portugueses pelos diferentes setores: público, social ou privado.
“As pessoas precisam é de soluções e a organização que o SNS, neste momento, tem não está a dar soluções. A capacidade instalada, toda ela, deve estar ao serviço dos portugueses”, rematou.
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