Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente da República foi das primeiras figuras nacionais a assinalar a morte da pintora Paula Rego, destacando a sua projeção no mundo, e disse que irá falar com o primeiro-ministro sobre como assinalar esta perda em termos de luto nacional.
Questionado pelos jornalistas, em Braga, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "tinha acabado de saber" da notícia da morte de Paula Rego e considerou que era a artista plástica portuguesa "com maior projeção no mundo certamente desde que nos deixou [Maria Helena] Vieira da Silva".
"É uma perda nacional. Certamente eu falarei com o senhor primeiro-ministro [António Costa] para ponderar como assinalar em termos de luto nacional essa perda, porque tem uma projeção muito longa, muito rica e muito prestigiante para Portugal", disse o chefe de Estado.
Segundo o Presidente da República, era uma artista plástica "muito completa", com projeção mundial durante "longas décadas".
"Há longas décadas que Paula Rego não é só muito importante em Portugal, em Inglaterra, onde vivia e onde eu pude visitá-la no seu estúdio em 2016, mas por todo o mundo", reforçou.
Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que esteve com o filho da pintora recentemente "na inauguração da exposição em Londres, depois em Haia e depois em Espanha, em Málaga" e que essa exposição "era uma recolha e uma homenagem numa altura em que se sabia que Paula Rego estava já doente, bastante doente".
"Nenhum de nós podia imaginar que pudesse desaparecer", acrescentou.
O Presidente da República transmitiu à família da pintora "os sentimentos de todo o povo português".
António Costa
O primeiro-ministro já reagiu à morte de Paula Rego, emitindo um comunicado a partir do seu gabinete. "Paula Rego era uma artista de qualidade excecional, cuja obra alcançou um grande reconhecimento internacional. As suas pinturas, desenhos e gravuras encerram imagens poderosas que ficarão sempre connosco e com as gerações por vir. Aos seus familiares e amigos, o Primeiro-Ministro apresenta as mais sentidas condolências", lê-se.
Apesar da nacionalidade britânica adquirida pela pintora, Costa fez questão de realçar a sua contínua ligação ao país de origem. "Nascida durante a ditadura salazarista, Paula Rego fez a sua formação artística em Londres, onde residiu grande parte da vida, mantendo sempre intacta a ligação a Portugal", frisou.
"A sua obra alimenta-se de referências e memórias portuguesas, como os contos populares ou a literatura de Eça de Queirós, e Paula Rego foi uma artista atenta à nossa realidade social. Autora de um universo figurativo singular, as suas obras não se parecem com mais nada do que com Paula Rego", completa, antes de finalizar ao confirmar que "o Governo decidiu decretar um Dia de Luto Nacional em homenagem à pintora Paula Rego".
O primeiro-ministro deixou ainda uma reação via Twitter.
Augusto Santos Silva (Presidente da AR)
Pedro Adão e Silva (Ministro da Cultura)
Em declarações à CNN, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, recorda Paula Rego como "uma grande contadora de histórias através da pintura" e destaca-a como "a mais reconhecida das artistas plásticas portuguesas", cujo contributo foi "notável" e alvo de "enorme reconhecimento público".
O ministro da Cultura confirmou ainda que o Governo vai decretar luto nacional pela morte da artista plástica, "com isso reconhecendo o papel e a centralidade de Paula Rego para a cultura portuguesa, internacional e universal", disse Pedro Adão e Silva.
Já através da nota de pesar oficialmente emitida pelo seu gabinete, Adão e Silva disse manifestar "profundo pesar pelo falecimento de Paula Rego", pelo que "presta a sua homenagem à artista, destacando a qualidade maior da sua obra, tanto no plano nacional quanto internacional".
O ministro recordou a ida da artista para Londres, onde viveu “desde muito jovem”, afirmando que a pintora “construiu um percurso singular nas artes plásticas, em que a forte ligação à experiência portuguesa se reflete reiteradamente no seu trabalho”.
“Artista da metáfora e do real, explorou o humano com múltiplas ressonâncias sociais, psicológicas e existenciais. Foi uma artista fortemente comprometida com as grandes causas do seu tempo”, acrescentou.
“Paula Rego desempenhou um papel fundamental na internacionalização da cultura portuguesa”, salientou o ministro, referindo que a artista “deixou como particular legado ao seu país a Casa das Histórias, em Cascais”.
Galeria Victoria Miro
"É com imensa tristeza que anunciamos a morte da Dama Paula Rego, artista britânica e nascida em Portugal, aos 87 anos. Morreu pacificamente esta manhã, depois de um curto período de doença, na sua casa no norte de Londres, acompanhada da família. Os nossos mais sentidos pensamentos estão com eles", escreveu a conta oficial da galeria de arte Victoria Miro.
A galeria Victoria Miro, que representa a artista desde 2020, e uma das primeiras a anunciar a morte da artista, considera que “a importância de Rego transcende as artes visuais” e é uma "ícone feminista”.
"Artista de visão intransigente, Paula Rego trouxe uma profunda perspetiva psicológica e poder imaginativo ao género da arte figurativa, e a honestidade da sua visão foi sustentada por meio de narrativas, através de motivos e ao longo de décadas”, refere num comunicado enviado à Lusa.
Para a galeria, “ela era uma contadora de histórias inigualável e a sua arte destaca-se como uma exploração destemida das relações humanas e das complexidades da experiência humana”.
Museu Picasso de Málaga
"Foi uma das artistas mais originais e amplamente aclamadas do nosso tempo. Durante sete décadas, ela reinventou a pintura figurativa e a forma como as mulheres são representadas", lê-se num comunicado do Museu Picasso de Málaga, onde está exposta, desde 26 de abril, “uma grande retrospetiva” da obra da pintora portuguesa, que já não esteve na inauguração por causa do "delicado estado de saúde".
Na mesma nota, o museu, que manifesta o seu pesar pela morte de Paula Rego, destacou que a pintora "procurou novas e diferentes formas de contar histórias com os seus quadros" e que "as suas obras estão enraizadas na sua experiência pessoal, ao mesmo tempo que se ligam ao que está a acontecer no mundo".
O museu lembrou, no mesmo texto, as "numerosas exposições retrospetivas" de Paula Rego, que antecederam a que está em Málaga, destacando as da Tate Liverpool (Reino Unido) em 1997; do Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid, em 2007; do Museu de Arte Contemporânea de Monterrey e da Pinacoteca de São Paulo, em 2010-11, e do Museu de L'Orangerie, em Paris, 2018.
A exposição qe está em Málaga é organizada pela Tate Britain (Reino Unido) em colaboração com o Kunstmuseum Den Haag (Haia) e o Museu Picasso de Málaga e tem a curadoria de Elena Crippa, curadora de Arte Moderna e Contemporânea da Tate Britain, juntamente com Zuzana Flašková, curadora assistente daquele museu britânico.
Antes de Málaga, a exposição já esteve em Londres, no Reino Unido, e em Haia, nos Países Baixos.
A exposição cobre cinquenta anos da carreira de Paula Rego e integra mais de oitenta obras da artista portuguesa, incluindo colagens, pinturas, pastéis de grande formato, desenhos e gravuras, abrangendo desde o seu trabalho nos anos 1960 até “às cenas ricamente estruturadas e estratificadas” das duas primeiras décadas deste século.
Fundação Calouste Gulbenkian
Comunicado oficial da Fundação Calouste Gulbenkian:
A Fundação Calouste Gulbenkian lamenta profundamente a morte de Paula Rego, uma das mais extraordinárias artistas nacionais, com a qual manteve profundos laços desde que foi bolseira Gulbenkian nos anos 1960.
O Conselho de Administração relembra a ligação histórica à Fundação Gulbenkian de “uma artista ímpar no panorama internacional, que deixa um legado inesquecível”, exprimindo ainda “orgulho pela recente aquisição da sua icónica pintura o Anjo”. Em fevereiro, a coleção do CAM foi reforçada com a aquisição de duas obras - O Anjo e o Banho Turco - que tornou a Fundação na instituição privada com o maior e o mais significativo acervo da artista, constituído por 37 obras, entre pintura, desenho e gravura. Na altura, Paula Rego exprimiu a sua “grande felicidade” por saber que dois dos seus quadros mais importantes “iriam viver na Gulbenkian”. Uma gratidão que fazia sempre questão de sublinhar desde que foi bolseira da Fundação.
A morte de Paula Rego ocorre numa etapa decisiva da sua consagração internacional, após ter exposto com enorme êxito mediático em Paris, (Orangerie, 2018/19), Londres (Tate Britain, 2021) e no Kunstmuseum den Haag (2021/22). Recentemente inaugurou uma mostra no Museo Picasso Málaga, e tem uma representação especial na Bienal de Veneza. Atualmente integra também a exposição “Tudo o que eu Quero. Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, em Tours.
Unida pela coerência e consistência dos temas e pela inconfundível marca da sua identidade, a obra de Paula Rego - desde o final dos anos 50, ainda enquanto estudante na Slade School, até aos dias de hoje -, tem atravessado uma compulsiva necessidade de se renovar formalmente, com vários ciclos identificáveis e temporalmente definidos.
Destaca-se a incansável procura de temas que a conduzem à representação do drama (ou comédia) humano, no implacável escrutínio da sua complexa natureza ética e moral. Ninguém melhor que Paula Rego para clarificar, com simplicidade desarmante, o âmbito temático do seu trabalho, que por múltiplas formas que tome, tem sido invariável, como se pode ler nas suas palavras: “Mandar nas pessoas. Obediência. Subversão. Fazer bem às pessoas más, fazer mal às pessoas boas. Poder. Desigualdade entre os sexos. Os homens mandam nas mulheres em geral. As mulheres às vezes mandam, mas é de outra maneira. A relação entre os sexos. É isso. Não é preciso mais” A sua abordagem é sempre ética, pedagógica e o propósito transformador das consciências e dos comportamentos.
Fundação de Serralves
Em comunicado, a Fundação de Serralves “lamenta profundamente o desaparecimento de Paula Rego, uma das artistas com maior reconhecimento não só em Portugal, país onde nasceu e cresceu, e em Inglaterra, onde estudou e depois viveu até à sua morte, mas também por todo o mundo”.
Serralves, no Porto, lembrou as duas exposições maiores que acolheu da artista: a antológica de 2004, no Museu de Arte Contemporânea, e a “O Grito da Imaginação”, na Casa, entre 2019 e 2020, ambas vistas por centenas de milhares de visitantes.
A fundação presidida por Ana Pinho salientou que Paula Rego era hábil “em casar aparentes opostos, nomeadamente a infância e a crueldade, as crianças e a perversidade, o mundo feminino e a força, o patriarcado e a debilidade”.
“Os excessos, abusos e truculência (a que são submetidas – mas que também conseguem infligir – crianças e mulheres) podem estar associados na sua obra ao reconhecimento imediato (permitido pela figuração), mas a sofisticação e a radicalidade dos seus trabalhos residem na complexidade moral com que constantemente nos confrontam”, realçou Serralves, em comunicado.
A fundação remata que “em tempos inclinados a polarizações e entrincheiramentos, Paula Rego recorda para sempre que nada é simples e imediato”.
Helena de Freitas
A historiadora e crítica de arte Helena de Freitas manifestou hoje “enorme tristeza e desolação” pela morte da pintora Paula Rego, cujo trabalho alcançou uma “dimensão artística e social universal”, deixando uma “marca muito grande”.
Reagindo à morte da artista, Helena de Freitas, que foi diretora da Casa das Histórias – Museu Paula Rego, em Cascais, entre 2010 e 2013, destacou a sua “singularidade”, considerando tratar-se de “uma perda muito difícil de reparar”.
Em declarações à Lusa, disse guardar “muito boas memórias do trabalho feito com ela”.
“A Paula Rego, nascida em Portugal, desenvolveu um trabalho que toda a vida se alimentou das suas memórias de vida, da literatura, do cinema, e que contém uma grande relação com o país onde nasceu, mas, ao mesmo tempo, partiu muito cedo para Inglaterra, um contexto internacional onde todo o seu trabalho foi conceptualmente progredindo e muito estimulado”, afirmou.
Na opinião de Helena de Freitas, esta vivência veio “trazer uma dimensão muito forte e muito interventiva no mundo.
“Neste momento, a dimensão do trabalho dela é uma dimensão universal, muito para lá de qualquer país onde viveu e nasceu. A dimensão social do seu trabalho e a dimensão artística é algo que terá alguma coisa a ver com isto, mas também com uma personalidade que era muito especial”, sublinhou.
Museus Tate
A diretora da rede de museus britânicos Tate, Maria Balshaw, recordou a pintora portuguesa Paula Rego, que morreu hoje, em Londres, aos 87 anos, como "uma artista intransigente de poder imaginativo extraordinário”.
“Paula Rego foi uma figura incrivelmente importante para a Tate”, disse hoje a responsável por esta rede de instituições públicas britânicas de arte, numa declaração à Agência Lusa, elogiando a forma como a artista "revolucionou de forma única a maneira como as vidas e as histórias das mulheres são representadas".
"Ao longo da carreira, ela ganhou enorme respeito de muitos colegas artistas e críticos de arte, liderando o caminho em dar uma forma poderosa na denúncia de injustiças”, sublinhou.
Além de uma grande exposição retrospetiva em 2021, no Tate Britain, em Londres, a galeria Tate possui várias obras de Paula Rego na coleção permanente, tendo Balshaw confessado a admiração pessoal por aquela que considera uma “pioneira".
“Vamos garantir que as gerações futuras tenham a oportunidade de sentir a força implacável deste trabalho, e sejam tão tocadas por como tantas o foram ao longo das décadas”, prometeu.
Museu National Gallery
O museu National Gallery, que teve um papel fundamental no lançamento da carreira da pintora no Reino Unido quando a nomeou a primeira Artista Associada, entre 1989 e 1991, também manifestou o pesar pela morte da “amiga” na rede social Twitter.
Royal Academy of Arts
A Royal Academy of Arts, da qual Paula Rego era membro, escreveu também no Twitter que era "uma artista incrivelmente talentosa e versátil e [a morte] é uma grande perda para o mundo da arte".
Universidade de Cambridge
A Universidade de Cambridge, que em 2013 atribuiu à artista um Doutoramento Honoris Causa, referiu hoje a obra "inspiradora para todos os jovens artistas pela meticulosidade e rigor na combinação de muitas influências e estilos diferentes”.
Thames & Hudson
A editora Thames & Hudson, que publicou várias obras dedicadas a Paula Rego, também manifestou pesar pelo desaparecimento da pintora, "cujas histórias visuais de poder, desejo e transgressão são mais relevantes e cruas do que nunca".
"A carreira de Rego também resistiu a qualquer classificação clara em um grupo, escola ou estilo”, vinca.
Museu Victoria and Albert
“Soubemos com tristeza da morte de Paula Rego. Muitas vezes inspirado por ‘provérbios, canções de embalar, jogos infantis e canções, pesadelos, desejos, terrores’, o seu trabalho foi sempre brilhante e desafiador”, lê-se numa publicação partilhada na conta oficial do museu no Twitter.
A nota é acompanhada pelas imagens de dois dos quadros da pintora – “Three Blind Mice” (1989) e “Death Goes Shopping” (2009) - que integram a coleção daquele museu.
Do acervo do museu V&A fazem ainda parte outras quatro obras de Paula Rego, duas sem título, de 1981 e 1994, “The Wild Duck”, de 1990, e “Jane Eyre”, de 2003.
Fundação EDP
“Criadora de uma obra poderosíssima, cheia de originalidade e vigor, Paula Rego fez da sua memória pessoal e da nossa memória coletiva um impulso renovado para a sua arte de contadora de histórias. Aliando uma mestria técnica a uma imaginação indomável e a uma liberdade insubmissa, na sua obra estão o nosso passado e o nosso futuro”, lê-se na nota hoje divulgada.
Paula Rego é “a artista portuguesa contemporânea que alcançou maior reconhecimento, prestígio e consagração internacionais”, sublinha a Fundação.
A Fundação EDP, que manteve com a “grande pintora” uma “relação de proximidade e colaboração”, afirma que, “perante as suas pinturas, desenhos e gravuras, paramos para ouvir as histórias que os humanos e os animais nos contam”.
“Como Teixeira de Pascoaes, Paula Rego poderia ter dito: ‘Os animais são pessoas, como nós somos animais’. É por isso que a sua obra é um fabulário e uma parábola. Nela, de forma alegórica ou transfigurada, estão presentes algumas das grandes perguntas que a vida nos põe”, lê-se no mesmo documento.
A Fundação EDP tem “a certeza de que a sua obra permanecerá para as gerações vindouras como testemunho insubstituível de um tempo a que o seu nome ficará para sempre ligado”.
Na sua galeria no Porto, a Fundação EDP apresentou, de Paula Rego, as exposições “My Choice” e “A Caçadora Furtiva”, em colaboração com a pintora e em parceria com a Casa das Histórias.
Centro Nacional de Cultura
“O Centro Nacional de Cultura manifesta o grande desgosto pelo falecimento da sua sócia efetiva, hoje ocorrido. Apresentamos sentidas condolências à família e amigos”, lê-se numa nota publicada no ‘site’ do CNC.
O CNC recorda que Paula Rego era “uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional”.
Centro Português de Serigrafia
Jornais britânicos
Ao longo do dia, a imprensa britânica tem publicado obituários, com o Daily Mail a aclamar Paula Rego como “uma das mais notáveis artistas figurativas da sua geração” que “revolucionou a forma como as mulheres são representadas na arte”.
“Durante uma carreira que se prolongou por cinco décadas, Rego criou trabalhos feministas pioneiros sobre o aborto, mutilação genital feminina, tráfico sexual e mortes por honra”, lê-se no tablóide.
O Daily Telegraph lembra que “a maior mudança na arte contemporânea tem sido a ascendência das mulheres, e como pioneira dessa ascendência Paula Rego foi uma heroína feminista e artística, estatuto consolidado com imagens que desafiam o aborto, o tráfico de mulheres e a circuncisão”.
O The Guardian destaca o "trabalho visceral e inquietante” de Rego, enquanto o The Times elogia a “influente artista luso-britânica cujas obras inquietantes se inspiraram na ficção e nos contos de fadas, bem como na própria vida”.
Câmara de Lisboa
A Câmara Municipal de Lisboa lamentou hoje a morte da pintora Paula Rego, aos 87 anos, considerando que “as suas criações artísticas ficarão para sempre gravadas no panorama das artes dos séculos XX e XXI”.
Além de lamentar a morte de Paula Rego, o município de Lisboa endereçou também as condolências à família e amigos da pintora.
“Nome maior da pintura contemporânea mundial, começou aos 17 anos a estudar em Londres, na Slade School of Fine Art. A capital britânica seria a sua residência mais duradoura, mas a sua ligação a Portugal sempre se manteve, onde vinha, de resto, com regularidade. De sublinhar os traços da identidade portuguesa, nomeadamente o imaginário, os contos populares e recordações de infância vividas em território nacional, que marcam de forma evidente a sua obra”, lê-se na nota hoje divulgada.
“As suas criações artísticas são inconfundíveis, com um percurso singular, ficarão para sempre gravadas no panorama das artes dos séculos XX e XXI, caracterizadas por uma abordagem figurativa, destacando-se das correntes vigentes da época, com uma opção preferencial pela combinação da abstração e figuração, bem como um tom satírico que se faz sentir”, é acrescentado na nota do município.
Partido Socialista
“A direção nacional do PS lamenta profundamente a morte da pintora Paula Rego. Portugal perdeu uma das suas artistas plásticas mais completas e com maior expressão no mundo”, refere-se numa nota publicada no website deste partido.
Segundo o PS, Paula Rego “constituiu uma carreira recheada de obras que se tornaram ícones da cultura plástica portuguesa, reconhecidas em todo o mundo”.
“A sua obra começou, desde 2009, a ser exposta em permanência na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais”, observa-se na mesma nota.
O PS salienta também que Paula Rego “nunca hesitou em tomar posição quanto a fenómenos sociais prementes como são exemplos o aborto e a violência doméstica”.
“Deixa-nos, entre tantas outras obras, o retrato oficial de Jorge Sampaio enquanto Presidente da República, no qual rompeu com os cânones tradicionais do retrato oficial presidencial”, assinala-se no mesmo texto.
Ainda de acordo com os socialistas, “o reconhecimento que Paula Rego granjeou está patente nos vários doutoramentos honoris causa que lhe foram atribuídos e nas várias homenagens institucionais e de cariz espontâneo que lhe foram dedicadas”.
Partido Social Democrata
"Foi com consternação que o Partido Social Democrata recebeu a notícia do falecimento de Paula Rego", lê-se num comunicado oficial publicado pelo partido.
"Figura de referência da pintura nacional, Paula Rego faleceu hoje em Londres, onde vivia, aos 87 anos. Nascida a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa, a pintora destacou-se no panorama internacional pelo seu trabalho, tendo recebido várias distinções e deixando uma marca indelével na nossa cultura", continua a nota.
"Nesta hora de pesar, a direção do Partido Social Democrata, na figura do seu Presidente, Rui Rio, expressa a toda a família o seu mais sentido pesar", termina o texto.
Luís Montenegro (Presidente eleito do PSD)
Catarina Martins (coordenadora do BE)
Francisco José Viegas (ex-secretário de Estado da Cultura)
Pedro Marques (Eurodeputado do PS)
Paulo Rangel (Eurodeputado do PSD)
Isabel Moreira (Deputada do PS)
Fernando Gomes (Presidente da FPF)
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, lamentou a morte de Paula Rego, hoje, em Londres, aos 87 anos, assegurando que a pintora vai continuar a viver em cada um.
“É com profunda tristeza que vemos partir uma das maiores figuras da arte portuguesa e mundial. Dona de uma obra artística genial e irreverente, que é aclamada internacionalmente e serve de referência para todos os seus pares, e senhora de um olhar tão cru quanto belo sobre a realidade, Paula Rego deixa o nosso país e a cultura portuguesa muitíssimo mais pobres”, escreveu Fernando Gomes, numa mensagem divulgada pela FPF.
Bloco de Esquerda
A coordenadora do BE, Catarina Martins, destacou hoje o lugar internacionalmente reconhecido de Paula Rego na história da arte, assinalando o empenhamento da sua obra, a que “ninguém fica indiferente”, no que é a condição da mulher e Portugal.
“Paula Rego tem um lugar na história da arte já conquistado e internacionalmente reconhecido já há muitos anos. Essa é uma apreciação internacional que só nos deve orgulhar”, disse Catarina Martins à agência Lusa em reação à morte da pintora Paula Rego.
Na opinião da líder do BE “ninguém fica indiferente à obra de Paula Rego”, na qual “há também um empenhamento muito grande no que é a própria condição da mulher e no que é Portugal”.
“Desde a sua crítica à ditadura, a sua crítica ao conservadorismo e ao moralismo bafiento e as imagens às vezes tão cruéis, às vezes com murros no estômago sobre as mulheres e a sua condição, são em si uma parte do que foi a construção de uma imagem de mulher emancipada e acho que a Paula Rego é também, desse ponto de vista, uma feminista de referência”, elogiou.
Embaixador da UE
O embaixador da União Europeia (UE) no Reino Unido, o português João Vale de Almeida, lamentou a morte da pintora portuguesa Paula Rego, que descreveu como "irreverente, inovadora e profunda".
“Paula Rego foi uma grande embaixadora das relações culturais luso-britânicas, irreverente, inovadora e profunda. Goste-se dela ou não, ninguém foi ou será indiferente a Paula Rego e essa é a marca de uma grande artista“, afirmou à Agência Lusa.
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