A reação da dona da MEO surge após a divulgação hoje de um relatório da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) que indica que a Altice ainda não tinha, em meados de maio, todas as ligações restabelecidas nas zonas atingidas pelos incêndios, tanto em Pedrógão Grande como na região Centro.
“A Altice Portugal reconstruiu toda a rede fixa e móvel ardida, que afetou cerca de meio milhão de clientes, até ao dia 04 de janeiro de 2018, sendo que até ao dia 30 de abril procedeu a todas as religações dos serviços aos seus clientes”, indica esta operadora, em resposta escrita hoje enviada à agência Lusa.
A companhia assinala que, “no atual momento, todas as religações dos nossos clientes estão agendadas para as datas acordadas com os próprios - durante os próximos meses, a pedido dos clientes dada a sua disponibilidade -, não havendo qualquer processo de religação pendente”.
Ainda assim, “permanecem ainda incontactáveis - apesar das inúmeras tentativas e dos vários editais disponibilizados para o efeito nas Juntas de Freguesia afetadas em fevereiro último - algumas dezenas de clientes”, aponta a Altice.
O relatório hoje conhecido abrange os incêndios de Pedrógão Grande, em 17 de junho de 2017, e os da região Centro, de 15 e 16 outubro também do ano passado, e indica que “apenas um operador mantinha ligações por restabelecer” em 11 de maio deste ano, a Altice, disse à agência Lusa o presidente da Anacom, João Cadete de Matos.
Nestas zonas, “estava por restabelecer a ligação de cerca de 1.300 clientes”, precisou o responsável, que fazia um balanço sobre o setor neste período, a propósito do primeiro ano do incêndio de Pedrógão Grande, que se assinala nas próximas semanas.
O presidente do regulador explicou à Lusa que, tendo em conta a justificação dada pela Altice ao regulador, até à data do relatório (11 de maio) cerca de 500 clientes recusaram “a solução de reposição da ligação que lhes tinha sido proposta”.
Nos restantes casos, “a Meo informou que não tinha conseguido contactar os clientes” ou que tinha esta ligação agendada para data posterior “por conveniência dos próprios clientes”, alguns dos quais não vivem permanentemente naquela zona, acrescentou o responsável.
Do total de pessoas sem ligação naquelas zonas, 97% eram diretamente clientes da Altice, sendo que os 3% restantes, apesar de serem clientes de outras operadoras, como a NOS, Vodafone e a ONI, “tinham ligações por repor, porque o respetivo serviço estava suportado na rede do operador grossista, a Meo”.
Na resposta hoje enviada à Lusa, a Altice dá ainda conta de que, neste processo de reparação das redes, “estiveram envolvidos no terreno mais de um milhar de operacionais que atuaram perante um cenário de total destruição”.
Ao todo, a operadora contabilizou “mais de 3.500 quilómetros de cabo ardido e mais de 45 mil postes ardidos”.
O grande incêndio de junho de 2017 na zona de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, causou 66 mortos e mais de 250 feridos, enquanto os grandes fogos de outubro fizeram 49 vítimas mortais, em vários concelhos da região Centro.
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