"Estamos preparados para uma época em que o risco é sempre maior", declarou aos jornalistas João Pedro Matos Fernandes no final de uma reunião do Conselho de Coordenação da AGIF (Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais), que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e que foi presidida pelo primeiro-ministro, António Costa.
Perante os jornalistas, o ministro do Ambiente defendeu que, para este ano, do lado da prevenção, o país foi "genericamente além das metas que estavam estabelecidas, nomeadamente na abertura das faixas de interrupção de combustível".
"Por outro lado, todos os meios aéreos estão já disponíveis. São 60 - e estão todos localizados nos sítios certos em face daquilo que se estima que venha a ser o risco de incêndio. O dispositivo é o maior de todos, com mais 200 homens do que no ano passado, ultrapassando-se os 12 mil efetivos. E temos 12 drones também completamente disponíveis para ações de vigilância", especificou.
Ainda no que respeita à vertente da prevenção, o membro do executivo sustentou mesmo que, até ao passado mês de maio, "foi feito mais do dobro do que estava previsto".
João Pedro Matos Fernandes defendeu depois que, para este ano, "não há notícia de qualquer atraso" na preparação da época de risco de fogos florestais, mas advertiu que as condições climatéricas poderão ser desfavoráveis.
"Nestes últimos dias, a temperatura já aumentou bastante e prevê-se que venha a ser mais elevada do que o normal para época ao longo dos próximos dias. As previsões meteorológicas de médio e longo prazos, embora sempre falíveis, apontam para um verão que se poderá prolongar", salientou.
Neste ponto, o titular da pasta do Ambiente colocou o cenário de em finais de setembro e início de outubro "ainda ser um período de grande preocupação" no que respeita a incêndios florestais.
"Tendo as entidades públicas feito tudo aquilo que lhe competia, cabe-me fazer um apelo aos portugueses a que tenham todo o cuidado com o uso de fogo, não façam queimadas em situação alguma nos dias em que sejam proibidas e que possuam todo o cuidado com a utilização de máquinas agrícolas", indicou.
Na conferência de imprensa, o ministro do Ambiente recusou-se a dar garantias sobre o que acontecerá nos meses de verão, mas reiterou a ideia de que as entidades públicas "fizeram mesmo aquilo que tinham a fazer".
"Não há qualquer comparação com há cinco anos, por exemplo, ao nível da articulação entre os diferentes serviços, ou entre a capacidade que cada um tem e a forma como partilha informação. Mas nunca poderemos estar descansados, porque Portugal é um país com clima mediterrânico, onde os fogos são infelizmente são comuns", acrescentou.
Perante os jornalistas, João Pedro Matos Fernandes referiu-se também ao facto de hoje ter sido publicada em Diário da República a resolução do Conselho de Ministros que aprova o Programa Nacional de Ação do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, com mais de 7.000 milhões de euros até 2030.
Depois de ter sido aprovado em março em Conselho de Ministros, o Programa Nacional de Ação (PNA) do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais esteve antes em consulta pública.
O PNA do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR), com o horizonte até 2030, está alicerçado em quatro orientações estratégicas, designadamente valorizar os espaços rurais, cuidar do território, modificar comportamentos e gerir o risco eficientemente, segundo a resolução do Conselho de Ministros.
No âmbito de modificar comportamentos, o PNA tem como meta "a redução em 80% do número de ignições nos dias em que o risco é maior", e uma forma eficiente de gerir o risco de fogos rurais.
O PNA propõe mais de 200 iniciativas, que estão definidas em 12 objetivos estratégicos para serem alcançados através de 28 programas e 97 projetos, com um orçamento de 7.122 milhões de euros.
As metas Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais são a proteção de vidas humanas, redução da percentagem dos incêndios com mais de 500 hectares, para se fixar abaixo de 0,3% do total, e área ardida acumulada no período da década inferior a 660.000 hectares.
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