“Quero transmitir, sublinhar, reforçar a mensagem de que efetivamente as condições são muito exigentes, e vão exigir muito de todos nós, para conseguirmos evitar o pior nos próximos dias. Evitar o pior significa mesmo enfrentarmos uma conjugação de fatores que é talvez a pior conjugação de fatores que há desde Pedrógão Grande”, afirmou José Luís Carneiro.

O ministro da Administração Interna falava aos jornalistas na Base Aérea de Figo Maduro, em Lisboa, pouco depois de ter sobrevoado, a bordo de uma aeronave P-3C Cup+ da Força Aérea, os incêndios que lavram em Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, e em Ourém.

Questionado se a atual conjugação de fatores pode fazer com que se repita uma situação como a que se viveu em Pedrógão Grande a 17 de junho de 2017 – que fez 66 mortos -, José Luís Carneiro respondeu: “Tudo temos que fazer para o evitar”.

“Mas é evidente que as temperaturas que podem alcançar os 44 e os 45 graus, ventos de leste tocados para noroeste com mais de 60 quilómetros horários, em período noturno, com noites consideradas noite tropicais, e com trovoadas secas (…) [fazem com que estejam] estão reunidas um conjunto de condições para que transformem os próximos dias nos dias mais exigentes que tivemos nos últimos anos desde Pedrógão Grande”, reiterou.

Interrogado se o Governo tem agora mais meios para fazer face a esse tipo de situações do que em 2017, José Luís Carneiro afirmou que “as autoridades competentes (...) têm reconhecido” o esforço feito pelo executivo para reforçar os meios de combate aos incêndios.

“Todos têm reconhecido (…) que nós evoluímos muito do ponto de vista das competências e das capacidades técnicas, dos meios humanos e da forma como organizamos os meios humanos e tecnológicos”, sublinhou.

José Luís Carneiro salientou que “todos os meios que o Estado tem, estão hoje já operacionais” e “toda a organização, toda a logística”, sejam meios terrestres ou aéreos, estão “todos conjugados e em cooperação” para responder “ao desafio exigente”.

No entanto, o governante ressalvou que “os meios são sempre finitos à luz da escala das variáveis” que se experienciam atualmente no território português, apelando a que a população portuguesa não tenha comportamentos de risco nos próximos dias.

“Comportamentos seguros, não fazer fogo, não usar máquinas agrícolas, florestais, evitar as queimas e as queimadas é mesmo a maior ajuda que o povo português pode dar aos bombeiros portugueses e que pode dar para a segurança coletiva”, enfatizou.

Pouco depois de ter sobrevoado os incêndios de Carrazeda de Ansiães e de Ourém, José Luís Carneiro afirmou que o incêndio no distrito de Bragança “está, apesar de tudo, relativamente controlado, na medida em que tem os meios humanos e materiais a acompanhar e supervisionar”.

“Por outro lado, o incêndio de Ourém tem o nível de intervenção mais exigente, porque já se encontra próximo de aglomerados urbanos e tem um grau de complexidade mais exigente e, portanto, está a exigir a mobilização muito significativa dos meios operacionais disponíveis”, referiu.

MAI adverte para “risco extremo” e pede que portugueses não usem fogo

O ministro da Administração Interna apelou hoje a que “todos os cidadãos tenham consciência” da situação de “risco extremo” de incêndios em Portugal, defendendo que a evolução dos próximos dias irá depender do comportamento dos portugueses.

“Estamos a viver momentos de risco extremo e é preciso que todos os cidadãos tenham consciência deste risco extremo e que atuem e se comportem de acordo com padrões de segurança coletiva que todos devem respeitar”, assinalou José Luís Carneiro.

O ministro da Administração Interna falava aos jornalistas na Base Aérea de Figo Maduro, em Lisboa, pouco depois de ter sobrevoado, a bordo de uma aeronave P-3C Cup+ da Força Aérea, os incêndios que lavram em Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, e em Ourém.

José Luís Carneiro alertou que “até dia 14, dia 15”, vão existir “circunstâncias excecionais que vão exigir um esforço muito grande” do conjunto da população portuguesa, e designadamente “das autarquias de freguesia, das Câmaras Municipais, dos bombeiros portugueses, da Guarda Nacional Republicana (GNR), de todas as forças de proteção civil”.

No entanto, o governante relembrou que “mais de 50%” das causas dos incêndios são “causas humanas”, decorrentes de “uso de fogo, nomeadamente com queimas, com queimadas, com o uso de máquinas agrícolas ou florestais”.

José Luís Carneiro apelou assim a que os portugueses façam “todos os esforços” para evitar o “uso do fogo”, recordando que “é absolutamente proibido fazer fogo” e que se deve "evitar a todo o custo o uso de quaisquer máquinas para trabalhos agrícolas ou florestais”.

“Estão proibidas estas práticas porque, com a proibição destas práticas, estamos a atuar junto de 50% das causas destes incêndios conhecidos até agora”, explicou.

Num dia em que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) anunciou que, na sexta-feira, se atingiu o número máximo de deflagrações este ano, com 121 ignições, José Luís Carneiro foi questionado se, nos próximos dias, é expectável que esse número seja ultrapassado.

“Eu acho que tudo depende do comportamento dos nossos concidadãos”, respondeu o ministro, reiterando que, “apesar das condições meteorológicas, das condições que têm a ver com a humidade abaixo dos 20% em território nacional – que são circunstâncias excecionais -, mais de 50% das causas, são causas humanas”.

José Luís Carneiro sustentou assim que, se todos atuarem “com sentido de responsabilidade, com certeza” que será possível “enfrentar a conjugação destas condições naturais que, por si só, são muito complexas e muito exigentes”.

“Se mais de 50% tem a ver com o uso de fogo, nomeadamente com queimas, com queimadas, e com o uso de máquinas agrícolas ou florestais, então significa que nós temos 50% de condições para reduzir o risco de incêndio”, indicou.

(Notícia atualizada às 15h41)