Cinquenta pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas na sequência dos incêndios de 15 e 16 outubro de 2017 na região Centro, que consumiram 290 mil hectares de floresta e destruíram total ou parcialmente à volta de 1.500 casas e cerca de 500 empresas em 38 municípios.
"Dois anos depois, no programa de reconstrução das habitações [permanentes] temos incluídas 822 casas e dessas estão concluídas 792, cerca de 96,5%", disse a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa.
Segundo a responsável, 30 casas estão ainda em reconstrução, uma da responsabilidade da CCDRC e 29 da responsabilidade das famílias, que foram incluídas no programa de apoio apenas em 2019.
Algumas destas três dezenas de habitações deverão ficar concluídas em 2020.
"Isto significa que conseguimos para várias famílias resolver os problemas iniciais, porque muitas destas casas tínhamos dito inicialmente que não reuniam condições, só mais tarde é que reuniram", vincou Ana Abrunhosa.
“Um ano depois ter 96,5% das casas construídas e entregues deixa-me muito satisfeita. Foi um trabalho de loucos, que virou obsessão e nos tomava os pensamentos de todos os minutos do dia. Um trabalho duríssimo porque estávamos a falar da vida das pessoas e não teria sido possível sem a extraordinária equipa da CCDRC, das equipas e dos presidentes de Câmara", sublinhou.
O programa de apoio envolveu 58 milhões de euros para a reconstrução das 822 habitações, que tiveram um limite de 650 euros por metro quadrado, incluindo as demolições, os projetos de arquitetura, construção, fiscalização e apetrechamento.
Na parte empresarial, que somou 268 milhões de prejuízos, foi criado o programa Repor para reposição da capacidade produtiva, que, até ao momento, apoiou 372 empresas, que vão realizar um investimento de 131 milhões de euros [com 100 milhões financiados pelo Estado] e reter/criar 4.221 postos de trabalho, adiantou Ana Abrunhosa.
"Há uma ou outra empresa que não está a funcionar em pleno, mas a maioria já está a funcionar. A maioria das empresas, mesmo aquelas que ficaram totalmente destruídas, não deixaram de laborar, fosse com o apoio de concorrentes ou com a compra de máquinas usadas", sublinhou.
Para Ana Abrunhosa, "nada paga o que sofreram os empresários, que aproveitaram esta oportunidade para modernizar as suas empresas e, muitos deles, além de manterem os postos de trabalho que tinham, criaram novos postos de trabalho".
"Estamos a falar de mulheres e homens extraordinários, que na desgraça, no pior momento da sua vida, não desistiram, investiram e até ambicionaram fazer mais e melhor do que faziam antes dos incêndios", rematou.
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