O Presidente da República falava aos jornalistas na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em Carnaxide, Oeiras (Lisboa), depois de participar na reunião do Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), em que também marcou presença o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, e o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino.
Segundo o Presidente, "a informação hoje disponível é muito melhor do que jamais foi (...). Sabemos mais e conhecemos melhor, isto permite prever melhor, planear melhor e prevenir melhor".
Fazendo um paralelismo com 2017, Marcelo Rebelo de Sousa disse mesmo que "“não tem comparação. Quando eu recordo 2017, e recordo a realidade que existia em termos de estruturas de informação que havia – e havias muitas já – mas esta é mais sofisticada: de entidades envolvidas, de coordenação de entidades… Não há comparação”, reiterou o Presidente da República.
No entanto, é expectável um agravamento das condições meteorológicas, o que aumenta o risco de incêndio nos próximos dias: "temperaturas mais elevadas, humidade inferior, noites que não permitem a intervenção. Nos próximos dias teremos duas fases: hoje e amanhã será grave, mas com agravamento acrescido a partir de dia 12 e durante um número de dias, que poderá ir até ao final da semana".
Este agravamento será provocado por "ventos que não é previsível que exista hoje e amanhã, subida da temperatura e ainda diminuição da humidade", o que "fez com que se avançasse para o estado de contingência", explicou.
Marcelo referiu ainda que “a mancha abrangida” pelos incêndios neste momento “é uma”, na segunda-feira “será mais ou menos a mesma, mas, em princípio, poderá aumentar de forma drástica” a partir de terça-feira, “cobrindo todo o território nacional, menos uma faixazinha no litoral norte”.
"Aquilo que se pede às pessoas é que façam tudo para evitar o risco de ignição e de fogo, quer a nível individual — cuidado com as negligências, sobretudo perto de habitações —, quer a nível coletivo — [rever a realização de] certames desportivos, merendas, festas, festivais em área florestal. Com risco de ignições, fazer tudo o que se possa [para evitar incêndios] neste período em que se prevê ventos de maior intensidade e agravamento das condições atmosféricas com a consciência de que somos um só país".
Este "é um esforço coletivo que vale a pena fazer, com as lições que já tiramos no passado", reforçou.
O Presidente salientou ainda que "há risco efetivo" nos próximos dias e alertou para o "desagravamento ilusório" destes dois dias, que pode levar a facilitismos.
"Eles [os portugueses] têm de ter a noção de que todos estão, à sua maneira, no teatro de operações em termos potenciais", disse, porque dependo daquilo que façam, "a floresta pode ter condições para arder — e agora há uma parte [da floresta] que tem muitas condições para arder".
A percepção do agravamento potencial justifica, disse, o adiamento da viagem de António Costa a Moçambique assim como da sua deslocação a Nova Iorque, "porque iriam ocorrer no período que cobre estas duas fases [de "tréguas" e posterior agravamento das condições meteorológicas].
Também por isto se justifica passar "para um plano de reforço do dispositivo da Proteção Civil, não apenas em situação de alerta, mas de contingência, o que permite reforçar meios".
O objetivo é que "o saldo final seja o mais positivo possível e não o mais negativo possível".
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou hoje oito distritos do interior e a ilha da Madeira sob aviso laranja devido ao calor. Os avisos de hoje correspondem a metade dos que estiveram em laranja no sábado, dado o IPMA prever uma descida na temperatura máxima no litoral oeste.
No entanto, esta “trégua” no calor no litoral antecede uma nova subida da temperatura nos próximos dias, que levou o Governo a declarar a situação de contingência entre segunda e sexta-feira, devido ao aumento do perigo de incêndios.
Sob aviso laranja estão hoje os distritos de Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja, bem como as Regiões Montanhosas na Madeira.
O aviso amarelo é válido para Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal e Faro, e ainda para a Costa Norte e a Costa Sul da Madeira.
Na escala de avisos do IPMA, que tem o vermelho como o mais grave, o laranja refere-se a uma “situação meteorológica de risco moderado a elevado”.
O amarelo avisa para uma “situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica”.
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