“Aquilo que diz os manuais mundiais é que as chamadas de emergência médica devem ser atendidas em média em sete segundos. Nós temos provas de que algumas chamadas chegam a demorar mais de três minutos”, revelou hoje, numa conferência de imprensa na cidade do Porto, Orlando Gonçalves, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN).
A falta de recursos humanos reflete-se de forma “negativa” no “atendimento de chamadas de emergência”, porque em vez de demorar sete segundos demora três minutos e porque mais de 26% das chamadas são perdidas e não conseguem entrar em contacto com o INEM, explica Orlando Gonçalves.
Para o INEM funcionar de “forma razoável”, o coordenador do STFPSN alerta que a instituição precisa de pelo mais 30% de trabalhadores para além dos cerca de mil operadores que tem atualmente, ou seja precisa de “mais 300 operadores”.
O sindicalista refere que todos os trabalhadores fazem” imensos turnos de trabalho extraordinário” e que “não há admissões”, recordando que a carreira foi publicada em abril e ainda não há plano de formação homologado.
“Ou o Governo não quer saber do INEM para nada, quando o INEM salva vidas e socorre as populações, ou então há aqui outra jogada por trás, que é da forma que saiu o decreto se hoje entrasse um trabalhador para o INEM iria ganhar mais do que aqueles que estão cá há 20 anos e isso iria criar mais contestação por parte dos trabalhadores que àquela que já existe”.
Orlando Gonçalves lembra ainda que o INEM “vive ou sobrevive” com o dinheiro dos seguros – “1% de todos os seguros automóveis que nós [portugueses] pagamos” – e recordou que em 2005 aquela instituição “devolveu ao Tesouro Público 7,3 milhões de euros”
“Não se trata de falta de dinheiro. Esse dinheiro em vez de ser devolvido ao Orçamento de Estado para tapar buracos no Serviço Nacional de Saúde devia era ser investido em recursos humanos no INEM para que as pessoas tenham as vidas salvaguardadas”, defende.
Segundo o coordenador daquele sindicato da Função Pública do Norte, a média de atendimento, por exemplo, no dia 02 de dezembro passado, foi de 109 segundos, mas algumas chamadas “ultrapassaram os 200 segundos”, acusa, acrescentando que no domingo transato “foi caótico”, designadamente com o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) de Coimbra (central de emergência médica), a não ter nenhum operador porque "aderiram todos à greve ao trabalho extraordinário" e, no CODU do Porto, deviam ter estado ao serviço 18 operadores e estavam "quatro operadores”.
O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte já veio acusar o INEM de estar a suprimir meios de emergência à população durante o mês de dezembro, “um período em que a afluência dos pedidos de socorro aumenta exponencialmente e as entradas nas urgências hospitalares atingem o seu pico anual.
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