Depois de “um primeiro-ministro [António Costa] que tenta desvalorizar os casos que nascem no seu próprio Governo, alcançou-se agora o pináculo de ter um ministro da Cultura a demonstrar tão pouca cultura democrática que até outros socialistas exigiram que se retratasse”, afirmou Rodrigo Saraiva, na abertura das jornadas parlamentares da IL, que decorrem hoje e na terça-feira no Funchal.
E acrescentou: “Não nos deixamos distrair. Adão e Silva quando fala é a voz de António Costa”.
O líder parlamentar da IL referia-se à entrevista que o ministro da Cultura, Adão e Silva, deu à TSF e ao Jornal de Notícias, em que considerou ter havido deputados a agir como “procuradores do cinema americano de série B da década de 80” na comissão de inquérito à TAP.
Na sequência da entrevista, o presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou que as declarações do ministro foram uma “falta de respeito” e uma “caracterização muito injusta” do trabalho dos deputados, pedindo que se retrate.
Hoje de manhã, em declarações aos jornalistas em Évora, Adão e Silva reiterou as críticas à forma como decorreram os trabalhos da comissão de inquérito à TAP, recusando “suspender o espírito crítico” sobre o funcionamento da Assembleia da República.
Na sua intervenção, Rodrigo Saraiva considerou que o partido tem cumprido a missão de “fiscalizar o Governo”, sobretudo numa altura em que o PS confunde maioria absoluta com “poder absoluto”.
O líder parlamentar da IL acrescentou que o executivo liderado por António Costa “prossegue de erro em erro, de omissão em omissão, de escândalo em escândalo, demonstrando que a maior força de bloqueio ao país é mesmo o PS”.
“Já era assim na legislatura da ‘geringonça’, em que contou com o apoio dócil do PCP e do Bloco de Esquerda, partidos que António Costa tão bem soube anestesiar. E continua a ser assim desde que o atual Governo entrou em funções, há quase ano e meio, mantendo todos os erros do passado e agravando outros, com esta dose suplementar de arrogância de quem atua como se não tivesse de prestar contas ao portugueses só por dispor agora de mais lugares no parlamento”, criticou.
O deputado fez um balanço das perguntas, requerimentos e propostas feitas na presente sessão legislativa, defendendo que a presença da IL “tornou-se ainda mais indispensável para fazer frente ao absolutismo socialista e ao rolo compressor desta maioria que não gosta de ser fiscalizada”.
“António Costa incomoda-se e irrita-se com a nossa intervenção e com a nossa intervenção e com o nosso protagonismo. Pois, senhor primeiro-ministro, então tenha paciência. Habitue-se. É porque não são os portugueses e os partidos da oposição que se têm de habituar à maioria absoluta, é mesmo António Costa que tem de se habituar a democracia”, afirmou.
Rodrigo Saraiva destacou ainda a “danosa gestão do dossiê TAP”, referindo que a companhia “tornou-se o espelho de António Costa” que anda em “zig zag”.
O parlamentar realçou igualmente a denúncia, por parte do partido, da “inaceitável instrumentalização dos serviços de informações”, reforçando que “o sistema de informações do Estado português não pode andar à mercê dos interesses partidários”.
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