Na intervenção inicial na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade, Moreira da Silva defendeu que o Governo deu prioridade à interligação com Marrocos, em vez de apostar nas interligações para acabar com o isolamento da Península Ibérica, em termos energéticos.
"Lamento que os atrasos verificados – ao qual não terá sido alheio o menor empenhamento político, traduzido na maior prioridade dada à interligação com Marrocos e à falta de reuniões políticas do grupo de alto nível Portugal, Espanha e França entre 2015 e 2018, tenham, na prática, tornado impossível atingir, como definido na Cimeira de Madrid em 2015, a concretização da meta de 10% de interligações elétricas até 2020", declarou Moreira da Silva, que assumiu a pasta da Energia no governo de Passos Coelho, entre julho de 2013 e novembro de 2015.
Aos deputados, adiantou que "a consulta dos documentos técnicos da Comissão Europeia permite constatar que o projeto do golfo da Biscaia só tem construção prevista para 2025 e os dois projetos transpirinaicos, para 2026, sendo que apenas o primeiro tem, para já, financiamento comunitário".
Em maio do ano passado, o Governo assinou com Marrocos uma declaração conjunta para o projeto de construção de um cabo para interconexão elétrica, com 220 quilómetros, entre os dois países.
Este projeto de investimento para a construção do cabo de interligação elétrica está avaliado entre 500 e 700 milhões de euros, que permitirá aos dois mercados exportar e importar energia, reforçando a segurança de abastecimento e melhorando a competitividade dos respetivos sistemas elétricos.
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