Fonte da PJ disse à Lusa foram registadas pelo menos mais 12 queixas de lesados contra o grupo suspeito de comprar mercadoria sem pagar, revendendo-a a preços mais reduzidos e recorrendo sempre a empresas fictícias.
A mesma fonte acrescentou que foram ainda identificados mais armazéns, onde os suspeitos guardavam o diverso material das alegadas burlas.
“Acreditamos que há ainda mais lesados e mais burlar, uma vez que o crime durava há muitos anos. O último material apreendido foram fitas de filmes de cinema. Mas, eles utilizavam vários produtos diferenciados, entre os quais geradores e cortadores de relva”, informou a mesma fonte.
A PJ revelou ainda que poderão ainda estar por identificar outras empresas falsas que os suspeitos utilizavam para as burlas.
Os crimes foram "cometidos de norte a sul do país e no estrangeiro", referiu ainda a mesma fonte, ao referir que os últimos armazéns detetados e já “selados” foram em Santarém e junto à fronteira com Espanha.
Durante esta investigação, a PJ está também a reunir inquéritos espalhados noutros órgãos policiais, uma vez que tendo em conta os valores mais baixos não chegavam à Judiciária.
O grupo foi desmantelado pela PJ no início de novembro. O responsável da investigação e coordenador da PJ de Leiria, Gil Carvalho, durante uma conferência de imprensa no Porto, na altura, precisou que as mercadorias-alvo do grupo eram, sobretudo, electrodomésticos, maquinaria e produtos alimentares.
“As empresas eram criadas ficticiamente, através de testas-de-ferro e outros. Compravam as mercadorias” sem nunca as pagar e “colocavam-nas no mercado, através de outras empresas fictícias a preços muito mais reduzidos”, explicou.
Os danos estimados por Gil Carvalho são o somatório dos prejuízos causados a quem vendeu e não recebeu, dos impostos que o Estado deveria cobrar e dos prejuízos do comércio legal, que deixou de vender devido ao “dumping”.
Como se tratava de grandes quantidades de mercadoria, os privados lesados foram sobretudo retalhistas e não consumidores finais.
O grupo foi desmantelado durante uma operação com o nome de código “Cordial Mente”.
As autoridades judiciárias de Santarém e Tomar, que tutelam esta investigação, emitiram 18 mandados de detenção e 36 de busca, que foram cumpridos em várias localidades de norte a sul do país. E, diz a PJ, o cumprimento dos mandados de detenção e das buscas domiciliárias e não domiciliárias “ocorreu em simultâneo e de acordo com o planeamento operacional previamente definido”.
De acordo com Gil Carvalho, seis dos 18 detidos constituem o núcleo duro do grupo criminoso, estando referenciados e com antecedentes criminais “por questões similares”.
Estão em causa crimes como burla qualificada, falsificação de documentos, recetação e fraude fiscal.
Além do Departamento de Investigação Criminal de Leiria da PJ, a operação “Cordial Mente” envolveu meios humanos e materiais das diretorias do Norte, do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo, bem como dos departamentos de Investigação Criminal de Braga, Aveiro, Guarda e Unidade Local de Évora daquela polícia, num total de 170 operacionais.
Contou ainda com a colaboração dos comandos distritais de Santarém da GNR e da PSP.
Na conferência de imprensa, o coordenador da PJ de Leiria recordou um atropelamento de um inspetor, ocorrido no verão passado na Póvoa de Varzim, revelando agora que se tratava de um polícia envolvido, já então, na investigação deste caso.
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