O primeiro ano em que se dedicou à área da fibrose quística, foi, também, a primeira vez que Iris Silva foi galardoada com o Best Young Investigador Award, então com um trabalho sobre a caracterização de mutações mais raras nos doentes com fibrose quística.

Agora, a jovem investigadora, cujo trabalho se baseia no uso de amoras de doentes para analisar a resposta a fármacos, venceu novamente a distinção, que lhe será entregue na 44.ª Conferência Europeia de Fibrose Quística, anunciou esta terça-feira a FCUL.

O trabalho de Iris Silva segue uma abordagem de medicina personalizada e “pretende mostrar que também se faz boa ciência em Portugal, e que a ciência pode efetivamente mudar a vida de algumas pessoas”, refere aquela instituição de ensino superior em comunicado.

“É um prémio muito prestigioso, em que vários clínicos e investigadores europeus se candidatam, e reflete o trabalho que tenho feito em tentar encontrar terapias para doentes com Fibrose Quística que têm mutações mais raras. Estes doentes são quase sempre excluídos de ensaios clínicos, e por isso não têm opções terapêuticas, e têm de viver com esta doença muito debilitante”, diz a jovem investigadora, citada em nota de imprensa.

A Fibrose Quística é uma doença genética que representa uma diminuição da esperança média de vida, para além de uma diminuição da qualidade de vida, devido a todos os tratamentos, como fisioterapias, antibióticos, internamentos hospitalares, explica a FCUL.

Recentemente, têm sido desenvolvidos fármacos, apelidados de Moduladores da CFTR, que consistem em pequenas moléculas que alteram o defeito básico das mutações no gene onde ocorre a mutação responsável pela doença.

“A Agência Europeia do Medicamento já aprovou quatro desses medicamentos - Kalydeco, Orkambi, Symkevi, Kaftrio —, todos da empresa farmacêutica Vertex, mas em Portugal apenas os primeiros três estão aprovados, apesar de se saber que os efeitos do Kaftrio são extraordinários quando comparados com os outros três. O preço destes medicamentos é altíssimo, o que os torna inacessíveis à maior parte dos países/pessoas (cerca de 180.000 euros por ano por cada pessoa)”, alerta Iris Silva, citada pela instituição.