Depois do alerta dos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália devido a "ameaças terroristas", o Pentágono confirmou ontem explosões em Cabul. Os atentados foram reivindicados pelo Estado Islâmico afegão, sendo apontado o ramo ISIS-K como o responsável pelo sucedido.

Pelo menos 95 pessoas morreram e 150 ficaram feridas no duplo atentado bombista, segundo o mais recente balanço apontado. Quem é este grupo, que está também associado a outros ataques na região?

O que é o ISIS-K e quando foi criado?

O ISIS-K é o mais extremista e violento de todos os grupos militantes jihadistas no Afeganistão, tendo também presença no Paquistão.

Foi criado em janeiro de 2015, no auge do poder do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, antes do seu auto-proclamado califado ter sido derrotado e desmantelado por uma coligação liderada pelos EUA.

O ISIS-K recruta tanto jihadistas afegãos como paquistaneses, especialmente membros desertores dos talibãs afegãos. O grupo está sediado na província oriental de Nangarhar, perto de rotas de tráfico de drogas e de pessoas dentro e fora do Paquistão.

No seu auge, contavam com cerca de 3.000 combatentes — mas foram registadas baixas significativas em confrontos. As últimas estimativas apontam para um mínimo de 500 a alguns milhares de combatentes, de acordo com a ONU.

Do que têm sido responsabilizados?

Este grupo tem sido responsabilizado por algumas das piores atrocidades dos últimos anos: ataques a escolas, hospitais e até uma maternidade onde alegadamente mataram a tiro mulheres grávidas e enfermeiras.

Ao contrário dos talibãs, cujo interesse está confinado ao Afeganistão, o ISIS-K faz parte da rede global do Estado Islâmico que procura levar a cabo ataques contra alvos ocidentais, internacionais e humanitários, onde quer que estejam.

Qual a relação com os talibãs? 

O ISIS-K tem grandes diferenças com os talibãs, acusando-os de abandonar a Jihad — a guerra santa — e o campo de batalha a favor de um acordo de paz negociado com os EUA, com vista a regalias.

Por isso, os militantes do ISIS-K representam agora um grande desafio de segurança para o novo governo talibã, algo que a respetiva liderança partilha em comum com as agências ocidentais de inteligência. Por outro lado, estes grupos apresentam grandes diferenças quanto à estratégia dos seus atos, bem como ao nível teológico.

Além disso, os dois grupos têm ligação através de uma terceira organização, a rede Haqqani, ligada ao movimento talibã. Khalil Haqqani, homem responsável, da parte dos talibãs, pela segurança em Cabul, é apontado como o líder desta rede.

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