Em 2018, as chegadas de migrantes às costas italianas rondavam as 23.210, segundo os números facultados na quarta-feira pelo Ministério do Interior, a poucos dias do fim do ano.

A descida ainda é mais acentuada, na ordem dos 90%, quando a comparação é feita com 2017, segundo o ministério italiano, que indicou que nesse ano o registo das chegadas às costas italianas rondou as 118.914.

Em 2019, os migrantes que desembarcaram em Itália eram maioritariamente oriundos de três países: Tunísia (2.654), Paquistão (1.180) e Costa do Marfim (1.135).

Ainda em relação aos migrantes que alcançaram as costas italianas no ano corrente, 1.618 eram menores de idade que estavam sozinhos.

Também neste item as autoridades italianas registaram um decréscimo em relação a anos anteriores, indicando que verificaram menos mil menores desacompanhados face a 2018 e menos 14.000 em comparação a 2017.

Itália foi governada entre junho de 2018 e agosto de 2019 por uma coligação governamental composta pela Liga (partido de extrema-direita) e pelo Movimento 5 Estrelas (M5S, populista), que adotou uma linha dura em matérias relacionadas com as migrações.

A coligação dificultou, entre outros aspetos, o trabalho dos navios humanitários envolvidos no resgate de migrantes no Mediterrâneo, nomeadamente através do bloqueio dos portos italianos a estas embarcações.

O então ministro do Interior e líder do partido Liga, Matteo Salvini, foi o principal rosto dessa política “de portos fechados” às embarcações das organizações não-governamentais (ONG), acusando as organizações, e os respetivos navios humanitários, de encorajarem a imigração ilegal.

Salvini conseguiu aprovar um controverso decreto-lei que introduzia, entre outras medidas, pesadas multas às ONG e penas de prisão para os comandantes dos navios humanitários que mostrassem resistência.

Em setembro passado, o novo e atual Governo italiano, formado no verão passado e constituído pelo centro-esquerda e pelo M5S, assinou em Malta um acordo com outros países da União Europeia, nomeadamente França e Alemanha, que prevê uma distribuição automática dos migrantes resgatados no Mediterrâneo e recebidos em portos malteses ou italianos.