Segundo Jerónimo de Sousa, são "instalações que chocam" pela sua degradação, "desde os baldes a apanhar água até aos plásticos no teto, à falta de ar condicionado", e "cujo significado maior foi a queda da pala do Teatro Camões", no mês passado.

O secretário-geral do PCP falou à comunicação social no final da visita ao edifício, situado no Parque das Nações, em Lisboa, junto à porta de trás - a da frente está interditada, com um perímetro de segurança, devido ao estado da pala, e a parte que caiu ainda se encontra no chão.

"Tem de se conceber esta ideia de fundo: a reparação, a manutenção e o investimento nesta infraestrutura não se trata de uma despesa, é um investimento em relação ao futuro", defendeu Jerónimo de Sousa, considerando que a proposta do PCP de destinar "1% do Orçamento do Estado para as áreas da cultura" permitiria "acabar com as desculpas da falta de verbas".

Além das condições das instalações, a delegação do PCP que se reuniu hoje com elementos da CNB teve como objetivo abordar "a falta de resposta a problemas sociais, laborais, salariais, com discriminações, com diferenças substantivas que levam a pôr em risco uma realidade única", adiantou.

Questionado sobre a mudança de administração do Organismo de Produção Artística (Opart), que tutela a CNB e também o Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, o secretário-geral do PCP atribuiu "significado simbólico" ao facto de o novo presidente, André Caldas, ter sido chefe de gabinete do ministro das Finanças, Mário Centeno.

"Creio que é paradigmático, tem um grande significado simbólico, se quiser, vir um assessor do Ministério das Finanças para ocupar aqui um lugar desta natureza. Enfim, é um sinal que se quer dar, sem querer fazer juízos de valor pessoais ou fulanizados, mas creio que tem significado", disse.

O bailarino José Carlos Oliveira foi um dos elementos da CNB que hoje se reuniram com a delegação do PCP e no final também falou à comunicação social sobre este encontro.

"O PCP quis-se inteirar realmente das condições de trabalho que existem na CNB, até para rebater a imagem que se está a dar publicamente de que está a haver um pedido de aumento de salários, o que não corresponde à verdade. A verdadeira razão por que nós chegámos aqui é a falta de condições de trabalho", afirmou.

José Carlos Oliveira referiu-se ao estado das instalações, descrevendo as condições de trabalho no Teatro Camões como "lastimáveis", e à questão do horário de trabalho.

O bailarino deixou um apelo ao diálogo: "Tem de haver aqui diálogo, tem de haver quem estabeleça o diálogo que foi rompido, para nós podermos voltar a ter maneira de explicar o que é que se passa com os artistas que trabalham arduamente para terem os seus espetáculos para o público e atualmente não os conseguem fazer, porque não está a haver sensibilidade".

Com as condições da CNB "a degradarem-se, particularmente nos bastidores", os dirigentes do PCP saem deste encontro "profundamente preocupados", resumiu Jerónimo de Sousa, acrescentando que esta visita tem uma "dimensão de inquietação".

Está em causa uma companhia de bailado "única em Portugal, com todo o mérito que tem, com toda a dimensão cultural que tem", referiu o secretário-geral do PCP.

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