Em entrevista à televisão SIC, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, lamentou que "muitas vezes, a Comunicação Social", porque não pode "dizer que seja o BE a pôr-se nos bicos dos pés em relação a matérias em que o PCP teve opinião, teve proposta", dá mais destaque às posições bloquistas.
"O sentimento que temos é a necessidade de esclarecer, o seu a seu dono. Não é bem um sentimento de comodidade que, neste ou naquele aspeto, queiram passar-nos à frente, levantando uma bandeira do PCP", afirmou.
O líder comunista classificou como "relacionamento normal" o que existe com o BE, salientando "convergência de muitas iniciativas, mesmo fora do quadro do Orçamento do Estado", algo "que não invalida as diferenças que existem".
"O nosso problema não é o BE, são problemas estruturantes que, se não forem ultrapassados, criarão uma situação insustentável, que se pode transformar numa contradição insanável, de querer sol na eira e chuva no nabal", sublinhou, referindo-se a alguma submissão do PS às "chantagens e pressões" de Bruxelas.
Ainda sobre o BE, Jerónimo de Sousa referiu que "todos ganham com a tal clareza e transparência" e, tendo o PCP "iniciativa legislativa", o partido não aprecia muito "que alguns se ponham à frente a tomarem-na como sua, como se fossem pioneiros na iniciativa".
Questionado sobre as relações com o primeiro-ministro socialista, António Costa, o secretário-geral comunista recusou a ideia de ter sido "seduzido", mas reconheceu que "matéria de facto: nas relações, reuniões, contactos, a franqueza existiu sempre".
"Cada um sabe das diferenças e divergências que existem entre nós, mas naquilo que é convergência e compromisso, tenho, inevitavelmente, de registar que nunca tive posições dúplices, de alguém a tentar enganar alguém", admitiu.
Quanto ao chefe de Estado, o líder comunista considerou: "Está a assumir os poderes e as competências que a Constituição da República Portuguesa lhe atribui, no seu estilo muito próprio, que não me agrada nem desagrada, é do feitio do Presidente. Agora, acho que não abdicou do seu pensamento ideológico, das suas origens. Enquanto cumprir e fizer cumprir a Constituição acho que é um elemento fundamental".
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