Marcelo Rebelo de Sousa, que falava na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, nunca se referiu diretamente ao possível reconhecimento pelos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel, que segundo vários órgãos de comunicação social será anunciado hoje pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
"Acompanhamos a situação relativamente ao Próximo e ao Médio Oriente e Portugal, em especial, já manifestou a nível de Governo a sua preocupação por gestos que possam ser considerados contraproducentes para o clima de diálogo, de entendimento e de paz numa área sensível do globo", declarou o Presidente da República aos jornalistas.
O chefe de Estado português falava tendo ao seu lado o presidente de Itália, Sergio Mattarella, que hoje recebeu no Palácio de Belém, no início da sua visita de Estado a Portugal.
Hoje de manhã, em declarações à agência Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse esperar que o reconhecimento pelos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel "não desperte nenhuma escalada de tensão e violência" e afirmou que Portugal não pode acompanhar essa decisão.
"Não podemos acompanhar a decisão norte-americana de transferir a sua representação diplomática para Jerusalém. A nossa representação diplomática está em Telavive e temos outra em Ramallah, na Palestina, e entendemos que o estatuto futuro da cidade de Jerusalém é um dos temas a ser discutido e resolvido no quadro mais geral de solução para o conflito israelo-palestiniano", afirmou Augusto Santos Silva.
O ministro declarou que "Portugal entende que a solução dos dois Estados, o Estado de Israel e o da Palestina coexistindo lado a lado é a única solução capaz de ultrapassar o presente conflito israelo-palestiniano".
Na sua opinião, "a decisão de reconhecer Jerusalém como capital do Estado de Israel quer dizer não reconhecer que Jerusalém é também uma cidade palestiniana".
"Espero bem que esta decisão norte-americana, a consumar-se, não desperte nenhuma escalada de tensão e violência no Médio Oriente, porque isso afastar-nos-ia ainda mais da solução pacífica para este conflito", acrescentou Santos Silva, defendendo que todas as partes devem usar "da maior contenção e da maior moderação".
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