O ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva mostrou-se preocupado com as novas gerações, considerando que a Jornada Mundial da Juventude é uma oportunidade para prestar atenção à qualidade de vida atual dos jovens.

Num artigo de opinião hoje publicado na página de internet da Rádio Renascença, Cavaco Silva defende ser fundamental dar aos jovens “condições para que sejam o fermento de um Portugal mais dinâmico, com mais ambição, melhor qualidade de vida, mais igualdade de oportunidades e mais justo”.

O ex-Presidente, que foi também primeiro-ministro, lembra que a sua vida política está encerrada, mas continua a ter uma intervenção cívica que se centra precisamente na preocupação com os jovens.

“São João Paulo II instituiu as Jornadas Mundiais da Juventude em 1985 dizendo que ‘a Igreja deve olhar para os jovens como a sua esperança’”, refere, sublinhando que as 15 edições de jornadas da juventude arrastaram multidões, “não apenas para ver o Papa, mas para celebrar a Esperança que João Paulo II evocou”.

Na sua opinião, “é uma honra para qualquer país receber a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e Portugal estará à altura do enorme desafio”.

Quando foram criadas as JMJ, em 1985, os jovens de então, agora “adultos maduros e muitos deles já avós” tinham melhores condições de vida do que as condições dos seus pais e dos seus avós.

Mas, lamenta Cavaco Silva, “a evolução social do país desde a Revolução de Abril” foi perdendo ritmo” e é “provável que as gerações mais novas não tenham um nível de vida melhor do que o dos seus pais e avós”.

O cenário leva o antigo Presidente da República a pedir que se olhe “com atenção para o futuro coletivo”, para que este seja “de esperança e não de desistência” até porque “os salários portugueses continuam baixos, mesmo para aqueles que dispõem de qualificações superiores”.

Num país onde “o salário médio está próximo do salário mínimo” e onde cada vez é menos remunerado o investimento em qualificação superior”, vê-se que “os jovens de talento, com ambição legítima de subir na vida, procuram outros países para a concretização dos seus sonhos”, refere.

Para fixar esses jovens, defende Cavaco Silva, é necessário “redirecionar a economia, apostando na criação de valor, no investimento produtivo e inovador nos setores abertos à concorrência externa, nas exportações de elevado valor acrescentado e no crescimento da produtividade e da competitividade das empresas”.

Desta forma, acrescenta, será gerado lucro, que “por sua vez, gerará mais investimento e riqueza, melhores salários e mais empregos qualificados”.

Para o ex-primeiro-ministro social-democrata, “os fundos comunitários (que estão a ser dirigidos a Portugal em montantes nunca antes verificados) devem potenciar, por isso, este aumento da produtividade e da competitividade e não devem ser apenas uma forma de atirar dinheiro para cima de problemas, sem os resolver”.