Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) adiantou que a associação lançou um inquérito para a área metropolitana de Lisboa nessa altura, mas a informação ainda não está muito consolidada.
“Em meados de junho, as percentagens atuais de reservas na área metropolitana de Lisboa para aquela semana de agosto, eram muito baixas, ainda estávamos com 50% de reservas. No entanto, a expectativa dos hoteleiros andava à volta dos 86%”, indicou.
Segundo a dirigente associativa, assim, ainda havia muita folga, “o que não é insólito”, tendo em conta que muitas reservas poderão ocorrer mais em cima do evento, e “naquele momento, só estavam inscritos ainda, nem 200 mil [participantes], quando a expectativa é chegar ao milhão”.
No entanto, avisou, “não havia muita informação sobre se eram participantes ou não nas jornadas, porque ainda tínhamos um nível de reservas muito baixo”.
Além disso, destacou Cristina Siza Vieira, este tipo de eventos pode ter um efeito contrário ao esperado nos turistas, salientando “quem não vem para as jornadas”, pode optar por adiar ou antecipar a viagem.
Citando declarações do bispo Américo Aguiar, que alertou que Lisboa ia estar “um caos” nessa semana, a responsável disse que “talvez não seja a melhor altura para visitar” a cidade.
Cristina Siza Vieira também não acredita que os peregrinos fiquem em hotéis, numa altura em que os preços podem andar pelos 250 euros por noite. “Os jovens, que é para quem isto é virado [as JMJ], não ficam”, referiu, indicando que, por outro lado, jornalistas, membros de igreja e outros possam reservar estadia nos hotéis da capital.
“Temos aqui, um bocadinho de ‘mixed’ feelings”, destacou, quando ao impacto do evento no setor, “independentemente da vantagem a longo prazo que é para a cidade e para o destino, ter um evento destes e independentemente do investimento”, indicando que, na hotelaria, diretamente, “prognósticos no fim do jogo”.
Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) não considera que para os seus associados este seja um “evento extraordinário”.
Para o dirigente associativo, tendo em conta “o tipo de cliente que caracteriza” as JMJ, “o setor não terá um muito significativo aumento” do volume de negócios, ainda que reconheça que algumas agências estão envolvidas no evento e que, para essas, terá “significado do ponto de vista da faturação”.
Ainda assim, ressalvou, “há alguma relação do setor com o evento, no sentido em que é verdade que os preços de um modo geral ficaram mais caros”, sobretudo devido “aos transferes e tudo o que é relacionado com a movimentação das pessoas, esses sim ficaram substancialmente mais caros”. Pedro Costa Ferreira aponta para preços 30% mais elevados nesta altura para este segmento.
Quanto à contratação de pessoas, o presidente da APAVT indicou que “há agências que referem contratações adicionais decorrentes do esforço que tiveram que fazer para dar resposta a tudo o que lhes foi pedido para o evento”, mas sem quantificar.
Do lado da AHP, no entanto, não se anteveem grandes contratações para a altura. “Em Lisboa, não diríamos que em agosto é época alta da contratação" porque "os congressos e eventos não ocorrem em agosto”, por isso “não é normal que esta contratação ocorra em agosto”.
“O que não significa que o 'stress' com os trabalhadores não permaneça, mas isso é o mesmo que temos sentido em toda a Europa, no nosso setor e em outros setores”, disse Cristina Siza Vieira, apontando as já tradicionais dificuldades da hotelaria em contratar.
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