"Comunico que apresentei, agora mesmo, o meu pedido de demissão ao senhor primeiro-ministro. No atual quadro de perceção criado na opinião pública, apresento o meu pedido de demissão em prol da necessária tranquilidade institucional, valores pelos quais sempre pautei o meu comportamento e ação pública enquanto membro do governo", pode ler-se em comunicado comunicado enviado pelo Ministério.
João Galamba refere ainda que o ministério que liderou "nunca procurou ocultar qualquer facto ou documento".
"Demito-me apesar de em momento algum ter agido em desconformidade com a lei ou contra o interesse público que sempre promovi e defendi na minha atuação enquanto governante, tal como foi, detalhada e publicamente, reconhecido pelo senhor primeiro-ministro", frisa.
"Reitero todos os factos que apresentei em conferência de imprensa sobre os acontecimentos ocorridos e reafirmo que sempre entreguei à Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP toda a documentação de que dispunha", acrescenta ainda.
"Considero que a preservação da dignidade e a imagem das instituições é um bem essencial que importa salvaguardar, tal como a minha dignidade, a da minha família e a das pessoas que comigo trabalharam no Gabinete e que foram nestes últimos dias gravemente afetadas", refere.
Galamba deixa também alguns agradecimentos. "Agradeço ao senhor primeiro-ministro a honra de me ter permitido participar no seu governo e agradeço ao senhor secretário de Estado das Infraestruturas e ao meu Gabinete todo o trabalho e dedicação que colocaram ao serviço do interesse público".
O comunicado termina com referência ao episódio do "roubo" do computador por Frederico Pinheiro, ex-adjunto de Galamba. "Apresento as minhas desculpas à minha Chefe do Gabinete e às minhas assessoras de imprensa que mesmo sob agressão tudo fizeram para proteger os interesses do Estado e que viram, nestes últimos dias e de modo insustentável num Estado de Direito, a sua dignidade afetada", remata.
O primeiro-ministro vai fazer declarações sobre a situação política nacional, hoje, pelas 20:45 horas, refere uma nota do gabinete de António Costa, divulgada pouco depois do pedido de demissão do ministro das Infraestruturas.
De recordar que Galamba considerou, em conferência de imprensa a 29 de abril, ter “todas as condições” para estar no governo, negou contradições e realçou que os factos mostram que houve cooperação com a comissão de inquérito à TAP.
“Eu entendo que tenho todas as condições para participar neste governo e estou aqui de facto como ministro das Infraestruturas neste governo”, afirmou João Galamba, em conferência de imprensa, em Lisboa, após o caso da divulgação de notas do adjunto exonerado Frederico Pinheiro.
“Os factos mostram que não se trata aqui de haver versões contraditórias. […] Os factos são claros, diria mesmo cristalinos, e demonstram à sociedade os esforços de todos os elementos da minha equipa, nas insistências reiteradas para que tudo fosse recolhido”, acrescentou.
Economista, João Galamba, de 46 anos, assumiu as funções de ministro das Infraestruturas em 4 de janeiro deste ano, substituindo Pedro Nuno Santos, que se demitiu deste cargo na sequência da polémica em torno do pagamento de uma indemnização de meio milhão de euros a Alexandra Reis para que a ex-administradora da TAP saísse da companhia aérea nacional.
No segundo executivo liderado por António Costa, entre 2019 e 2022, João Galamba foi secretário de Estado Adjunto e do Ambiente.
Já no atual Governo de António Costa, de maioria absoluta do PS, o antigo porta-voz socialista começou como secretário de Estado do Ambiente da Energia, tendo Duarte Cordeiro como ministro.
Entre 2011 e 2014, com o PS na oposição e sob a liderança de António José Seguro, João Galamba fez parte do chamado grupo dos “jovens turcos”, conotado com a ala esquerda deste partido, juntamente com Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Delgado Alves.
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