De acordo com o Público, que cita informação adicionada ao processo no dia 11 de outubro, João Rendeiro, o antigo presidente do Banco Privado Português, marcou duas viagens de avião no dia nove de setembro, utilizando duas moradas diferentes na Polónia e dois endereços de e-mail diferentes.

A informação foi divulgada pela Portway e revela uma morada em Varsóvia e outra em Rosóvia. Uma das viagens estava agendada para o dia 12 de setembro, entre Lisboa e Londres, e a outra para o dia 30 de setembro, da capital do Reino Unido para a cidade portuguesa. Não sendo certo que Rendeiro tenha embarcado nestes voos, as datas batem certo com a informação que o ex-banqueiro forneceu ao tribunal a 13 de setembro, quando afirmou que entre 12 e 30 de setembro, se encontraria no Reino Unido, “podendo ser contactado através da embaixada naquele país”.

No entanto, no dia 28 de setembro foi noticiada a fuga de João Rendeiro do país, sendo que no dia 29, através da sua advogada, o antigo gestor do BPP disse que era “sua intenção não regressar a Portugal”.

Estas são as primeiras respostas obtidas pela juíza do processo que pediu datas e destinos das viagens, de acordo com as listagens de passageiros que terão sido fornecidas pelas companhias aéreas a operar em Portugal ou pelos responsáveis pela circulação de aeronaves particulares.

João Rendeiro, que em 28 de setembro foi condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada, está no estrangeiro e em parte incerta, fugido à justiça.

As autoridades portuguesas já emitiram dois mandados de detenção, europeu e internacional, para o antigo presidente do BPP, para que o ex-banqueiro cumpra a medida de coação de prisão preventiva.

Num artigo publicado no seu blogue Arma Crítica, João Rendeiro escreveu que não pretende regressar a Portugal por se sentir injustiçado e vai recorrer a instâncias internacionais, avançando ter pedido ao advogado para comunicar a decisão à justiça portuguesa e diz que se tornou “bode expiatório de uma vontade de punir os que, afinal, não foram punidos”.

Entretanto, os ex-administradores do BPP Salvador Fezas Vital e Fernando Lima, também condenados a penas de prisão, ficaram proibidos de se ausentarem para o estrangeiro, tendo contribuído para este agravamento das medidas de coação a fuga de João Rendeiro.

O também ex-administrador do BPP Paulo Guichard, a residir no Brasil, comunicou que regressa esta semana a Portugal, para comparecer em audiência no Juízo Criminal de Lisboa, não se opondo ao pedido de entrega do passaporte.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.

O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, assim outro um processo relacionado com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancárias.