"Vamos a uma greve escalada [que vai subindo de intensidade] na administração pública, uma decisão proposta pelos próprios trabalhadores que não querem cooperar com o regime", disse.
Juan Guaidó falava aos jornalistas, em Caracas, após reunir-se com membros de vários sindicatos venezuelanos e representantes dos funcionários públicos.
"O momento é agora. O momento chegou. Apoiamos os funcionários públicos para tornar efetiva essa greve, essa paragem, e que nunca mais utilizem a nossa burocracia para oprimir o povo", disse.
Juan Guaidó não anunciou a data em que começará a "greve escalada", precisando, no entanto, que vão fazer um registo "dos trabalhadores despedidos por razões políticas".
"Amanhã [quarta-feira], o parlamento iniciará reuniões com todos os trabalhadores do setor público. Todos esses despedimentos e toda essa perseguição política contra os trabalhadores fica automaticamente sem efeito, porque toda a autoridade usurpada é nula", disse.
Por outro lado, explicou que apresentará, no parlamento, um projeto de lei que dê garantias aos funcionários públicos para que "não se vejam obrigados a cooperar, nunca mais, com a ditadura".
"O jogo mudou na Venezuela. Estamos a ouvir atentamente os nossos trabalhadores, respeitando os direitos sindicais e tabelas salariais (…) vamos trabalhar pelos contratos coletivos e tabelas salariais justas, por sindicatos livres e autónomos", afirmou.
Segundo Guaidó, os "direitos fundamentais" devem ser respeitados porque não são uma coisa "de esquerdas ou de direitas".
"Estão mergulhados em contradições. Não sabem como responder ao povo da Venezuela", disse Guaidó a jornalistas ao ser questionado sobre como explica não haver qualquer reação por parte do governo de Nicolás Maduro à recepção que teve, com concentrações de milhares de seus partidários em Caracas e outras cidades.
O autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, chegou hoje à ontem ao aeroporto internacional de Caracas, onde foi recebido por uma multidão composta por apoiantes e embaixadores de vários países europeus e latino-americanos, segundo imagens transmitidas em direto.
Entre os embaixadores europeus estava o de Portugal, Carlos Nuno Almeida de Sousa Amaro, confirmaram fontes diplomáticas à agência Lusa.
Guaidó, reconhecido Presidente interino venezuelano por cerca de 50 países, regressou à Venezuela após um périplo de uma semana por vários países daquela região.
Ao fazer essa viagem, o líder da oposição contornou a proibição de saída do país decretada pela justiça venezuelana por estar em curso uma investigação relacionada com a sua autoproclamação como presidente interino, arriscando-se a ser detido quando regressasse à Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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