No passado dia 31 de julho, o juiz federal de Seattle, Robert Lasnik, decidiu bloquear, de forma temporária e a nível nacional, uma autorização que permitia a distribuição na Internet de manuais de instruções para a impressão de armas 3D a partir de casa.
“Há impressoras 3D em colégios públicos e espaços públicos e há probabilidade de existirem danos potencialmente irreparáveis”, afirmou, na altura, o magistrado federal.
A controversa autorização tinha sido divulgada dois dias antes pelo governo federal norte-americano que, em finais de junho e após uma longa disputa judicial, tinha alcançado um acordo com o dono da Defense Distributed.
Com o acordo firmado com a administração norte-americana republicana, a Defense Distributed, uma organização sem fins lucrativos fundada por Cody Wilson que defende o livre acesso a informação que permite fabricar armas através da tecnologia 3D, poderia assim colocar ‘online’ manuais que permitiam fabricar armas caseiras.
A intervenção do juiz Robert Lasnik surgiu depois de vários procuradores-gerais (a grande maioria democratas) de vários Estados norte-americanos (atualmente cerca de 20) terem apresentado um pedido para bloquear a medida autorizada pela administração liderada por Donald Trump.
Entre os proponentes da ação está o procurador-geral republicano do Estado do Colorado.
O travão judicial deliberado a 31 de julho pelo juiz Robert Lasnik tinha efeito nacional e traduzia-se numa suspensão temporária até 28 de agosto.
Nessa altura, o mesmo juiz informou sobre o agendamento de uma nova audição em Seattle para 10 de agosto (hoje) para reavaliar o prolongamento da providência cautelar.
A agência norte-americana Associated Press (AP) noticiou na semana passada que o juiz federal agendou para o próximo dia 21 de agosto uma outra audição que vai incidir no pedido dos Estados para reverter o acordo estabelecido entre o Departamento de Estado norte-americano e a Defense Distributed, com sede em Austin (Texas).
No mesmo dia em que era conhecido o bloqueio do juiz Robert Lasnik, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconhecia, numa mensagem divulgada através da rede social Twitter, que “não fazia muito sentido” a entrada em vigor da autorização para imprimir armas caseiras.
Apesar do bloqueio, o fundador da Defense Distributed, Cody Wilson, declarou que já tinha publicado modelos de várias armas na Internet.
Nas últimas semanas, o assunto tem suscitado discussão e alguma confusão no seio da opinião pública norte-americana.
Nos ‘media’ norte-americanos, os comentadores oscilam entre citações da Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos, relacionada com a defesa dos direitos considerados fundamentais, entre os quais a liberdade de expressão, e da Segunda Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que protege o direito da população à posse de armas de fogo.
O dono da Defense Distributed tem argumentado que o está em causa neste caso é o direito de divulgar informação e não armas em concreto.
Os Estados Unidos, onde cerca de 30 mil pessoas morrem anualmente por causa de armas de fogo, estão atualmente fortemente divididos sobre a questão da regulamentação de armas pessoais, nomeadamente por causa dos muitos tiroteios em massa registados naquele país, muitas vezes perpetrados com armas compradas de forma legal.
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