Su Htet Wine está “traumatizada”, segundo o pai, e foi libertada na quarta-feira à tarde em Mandalay, a segunda cidade mais populosa do Myanmar (antiga Birmânia).
As autoridades fizeram a detenção enquanto tentavam localizar o pai, que é procurado pelo seu envolvimento nos protestos contra a revolta militar de 01 de fevereiro.
Os familiares foram buscar a criança à esquadra da polícia e, mais tarde, entregaram-na ao pai, que ainda está escondido dos militares com duas outras duas filhas, de 15 e 24 anos.
“Ela não podia comer bem e disse-me que tinha de tomar banho com água da sanita enquanto estava detida”, revelou o pai, que não recebeu qualquer notícia sobre o estado da mulher e da outra filha.
A libertação da menor na quarta-feira coincidiu com a libertação de mais 2.995 pessoas no Myanmar, detidas por atividades relacionadas à oposição da junta militar.
A Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP) contabiliza, até quarta-feira, a detenção de 6.421 pessoas pelas forças de segurança desde a revolta, das quais 5.554 ainda se encontravam na prisão, e emitiu mandados de detenção para 1.988 suspeitos.
A AAPP também declarou, pelo menos, 883 mortos resultantes da repressão do regime, que disparou contra manifestantes pacíficos.
O golpe de estado militar ocorreu há cinco meses, no entanto, o exército ainda não foi capaz de controlar totalmente o país, pelo que os protestos continuam em várias regiões do Myanmar.
Alguns dos manifestantes encontram-se armados pois estão insatisfeitos com os poucos avanços dos protestos pacíficos, enquanto os confrontos entre as forças armadas e os grupos rebeldes se intensificaram em todo o país.
O exército justificou o golpe por uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, ganhas, tal como em 2015, pelo partido liderado pela Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, com observadores internacionais a negarem a existência de qualquer fraude.
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