A decisão foi ditada pelo juiz Luiz Gustavo Esteves, da 11.ª Vara Cível de São Paulo, que determinou ainda o pagamento das custas processuais e honorários dos advogados no valor de 15% da condenação a favor da jornalista, a quem Eduardo Bolsonaro acusou de ter utilizado “métodos de sedução” para obter informações para uma reportagem jornalística durante as eleições de 2018.

A repórter acionou a Justiça após o ataque feito pelo deputado numa transmissão em direto e em publicações nas redes sociais.

Ao atacar a repórter, o deputado afirmou: “A Patrícia Campos Mello fez a ‘fake news’ de 2018, para interferir na eleição presidencial, entre a primeira e segunda volta, e o que é que ela ganhou de brinde? Foi morar no Estados Unidos, correspondente, não é?”.

“Essa Patrícia Campos Mello, que, vale lembrar, tentou seduzir o Hans River (uma das suas supostas fontes). Não me venham dizer que é só homem que assedia mulher não, mulher assedia homem. Tentando fazer uma insinuação sexual para obter uma vantagem, de entrar na casa do Hans River, ter acesso ao ‘laptop’ dele e tentar ali, achar alguma coisa contra Jair Bolsonaro, que não achou”, acrescentou Eduardo.

Já a Folha de S.Paulo negou categoricamente a denúncia e publicou todas as mensagens trocadas pela jornalista com River, que, pelo contrário, sugerem que foi o próprio informador quem propôs uma maior privacidade, o que foi categoricamente rejeitado por Patrícia Campos Mello.

“Ocupando cargo tão importante no cenário nacional — sendo o deputado mais votado na história do país, conforme declarado na contestação — e sendo filho do atual Presidente da República, por óbvio, deve ter maior cautela nas suas manifestações, o que se espera de todos aqueles com algum senso de responsabilidade para com a nação”, disse o juiz na sua decisão.

Eduardo Bolsonaro, que pode recorrer da decisão, ainda não se pronunciou sobre o caso.

A premiada jornalista brasileira já havia sido alvo de outros ataques e ofensas, como por parte do próprio chefe de Estado.

“Ela [Patrícia Campos Mello] queria um furo. Ela queria dar o furo [jornalístico] a qualquer preço contra mim”, disse Bolsonaro, entre risos, diante de um grupo de apoiantes, em fevereiro do ano passado.

No Brasil, a palavra “furo” tem também uma conotação sexual.

A jornalista em causa foi a autora de uma reportagem de investigação sobre a difusão em massa de informações falsas nas eleições de 2018, vencidas pelo político de extrema-direita, Jair Bolsonaro.