O número de mortos provocado pelo surto de ‘legionella’ em Lisboa subiu para quatro após uma mulher de 94 anos ter morrido esta quinta-feira, e o número de casos de infetados aumentou para 44, segundo a Direção-geral da Saúde.

Dos 44 casos confirmados até ao momento, a maioria (59%) atingiu mulheres e 70% aconteceu em pessoas com 70 ou mais anos.

A ‘legionella’ é uma bactéria responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até 10 dias.

A infeção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.

3 novembro

- A Direção-Geral de Saúde (DGS) anuncia a existência de oito casos de doença dos legionários no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – Hospital S. Francisco Xavier em comunicado publicado no 'site' deste organismo ao final do dia de sexta-feira.

4 novembro

- A DGS avança que existem 15 casos de doença dos legionários, detetados no Hospital de São Francisco Xavier, desde o dia 31 de outubro.

Em comunicado, a DGS informa que, “de forma a facilitar a implementação das medidas de controlo, o INEM irá redirecionar temporariamente para outras instituições hospitalares os doentes mais graves que se destinariam ao Serviço de Urgência do Hospital de São Francisco Xavier, que se irá manter aberto para os restantes doentes”.

- A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, afirma que "nada falhou" na prevenção e nas medidas de controlo da infeção com "legionella" no São Francisco Xavier, acrescentando que "nem sempre as melhores medidas conseguem contrariar esta dinâmica das bactérias".

- O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, desloca-se ao Hospital de São Francisco Xavier.

- Novo balanço dá conta de 19 casos.

5 de novembro

- O ministro da Saúde admite que "alguma coisa correu mal" no caso do surto de "legionella", apesar de ter confiança de que "as melhores práticas foram seguidas". Adalberto Campos Fernandes dá duas semanas à DGS e ao Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge (INSA) para que "habilitem o Governo com um relatório detalhado, que seja do conhecimento público".

- O PCP quer que o ministro da Saúde vá ao parlamento explicar o surto de 'legionella', que considera colocar em "evidência a falta de investimento" no controlo da doença.

– O número de casos sobe para 26.

6 de novembro

- A líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, exige “esclarecimentos o mais breve possível a toda a população".

– A DGS anuncia dois mortos, um homem de 77 anos e uma mulher de 70 anos. Em conferência de imprensa, Graça Freitas, adianta que a mulher estava internada na unidade de cuidados intensivos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e o homem nos cuidados intensivos de uma unidade de saúde privada.

- O balanço das pessoas infetadas sobe para 29, encontrando-se 26 internados, três dos quais nos cuidados intensivos do São Francisco Xavier.

- Graça Freitas diz que o INSA está a realizar análises, que vão demorar tempo a produzir resultados para detetar a origem do surto, admitindo que poderá estar nas torres de refrigeração ou no sistema de águas do hospital.

– O PSD exige que o ministro da Saúde tome “medidas urgentes” e “tranquilize os cidadãos” sobre o surto, considerando que “não é aceitável” esperar duas semanas por um relatório.

- O Presidente da República lamenta a morte de duas pessoas e avisa que "é preciso apurar o que se passou".

– O Ministério Público (MP) diz que está a "recolher elementos" sobre o surto de 'legionella'.

7 novembro

- A DGS e o Instituto Nacional INSA anunciam a preparação de um relatório conjunto das duas instituições com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo “para esclarecimento da cadeia de acontecimentos que conduziram ao surto”.

Será também feito o “levantamento das condições estruturais e processuais das unidades prestadoras de cuidados de saúde que integram o Serviço Nacional de Saúde”, incluindo agrupamentos de centros de saúde, unidades locais de saúde, centros hospitalares e hospitais, “no âmbito da avaliação e gestão do risco”.

– As autoridades identificam nas redondezas do Hospital S. Francisco Xavier pelo menos sete equipamentos potencialmente produtores de aerossóis e onde poderá também ter começado o surto.

– O Hospital São Francisco Xavier está a funcionar normalmente e com todos os serviços abertos, segundo fonte da administração.

A única mudança refere-se aos doentes encaminhados pelo INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e que desde sábado estão a ser referenciados pelo organismo para outras unidades de saúde.

– Apenas uma das quatro torres de arrefecimento do Hospital S. Francisco Xavier se mantém em funcionamento, tendo sido encerradas as outras três.

– O plano de manutenção das torres de arrefecimento do hospital implica análises a cada 15 dias e os últimos resultados estavam todos negativos, segundo as autoridades.

Segundo o presidente dos Serviços de utilização Comum dos Hospitais (SUCH), Paulo Correia de Sousa, a última análise goi realizada a 16 de outubro.

– Sobe para 34 o número de casos confirmados de doença dos legionários, encontrando-se cinco doentes infetados em unidades de cuidados intensivos. O boletim epidemiológico da DGS indica que todos os infetados com a bactéria têm doenças crónicas já existentes.

A maior parte (68%) dos infetados têm idades iguais ou superiores a 70 anos: um infetado tinha entre 40 e 49 anos, dez entre 50 e 69 anos e 21 entre 70 e 89 anos. Dois doentes tinham 90 ou mais anos. A bactéria atinge mais as mulheres (65%).

- O BE entrega dois projetos de lei no parlamento para reforçar a prevenção da contaminação pela bactéria `legionella´, quer em espaços interiores, quer exteriores.

- A presidente do CDS-PP defende a necessidade de se apurar o que falhou, considerando que o ministro tem de garantir que as regras estão a ser cumpridas nas unidades de saúde.

- A Associação Portuguesa de Engenharia do Ambiente (APEA) sustenta a "obrigatoriedade" na realização de auditorias à qualidade do ar interior, para criar mecanismos de prevenção nomeadamente em relação à 'legionella'.

- O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, acusa o Estado de "falhar onde não pode falhar", no Serviço Nacional de Saúde, referindo-se ao surto de 'legionella'.

- O primeiro-ministro, António Costa, diz que o Governo acompanha o surto "com grande consternação e pesar" em relação às vítimas mortais e "com preocupação a evolução" do estado de saúde dos doentes.

- O ministro da Saúde afirma que terá havido uma falha técnica na base do surto. Em conferência de imprensa em Lisboa, Adalberto Campos Fernandes diz que "não se infetam 35 pessoas com uma ausência de falha. Trata-se provavelmente de uma falha técnica".

- As autoridades de saúde indicam que o surto de 'legionella' entrou numa fase descendente, havendo indícios de que as medidas corretivas já estão a surtir efeito. Há 35 pessoas infetadas, cinco internadas em unidades de cuidados intensivos.

– O MP anuncia que os elementos recolhidos originaram a abertura de um inquérito ao surto de 'legionella' no Hospital São Francisco Xavier, a correr no Departamento de Investigação e Ação Penal] de Lisboa”.

– O Governo anuncia que quer apertar a prevenção e vigilância da qualidade do ar interior e exterior, agravando as sanções em caso de incumprimento.

– O corpo de uma das vítimas mortais do surto de 'legionella' é recolhido pela PSP quando estava a decorrer o velório em Campo de Ourique, por ordem do DIAP.

O MP ordenou igualmente a autópsia ao corpo da outra vítima mortal, o que originou que a data das cerimónias fúnebres tivesse de ser alterada.

– O MP diz que ordenou as autópsias das duas vítimas mortais, por serem "essenciais para a investigação".

8 novembro

- O MP diz que não recebeu “qualquer declaração de óbito” das duas vítimas mortais do surto de 'legionella', explicando que, por isso, teve de solicitar as autópsias.

- O ministro da Saúde lamenta o "incómodo e a perturbação" causados à família da vítima de ‘legionella’ que se encontrava a ser velada na terça-feira, quando a polícia recolheu o corpo para autópsia.

– O número de casos confirmados de doença dos legionários sobe para 38, com dois óbitos e cinco doentes internados nos cuidados intensivos.

- Os corpos das duas vítimas mortais do surto de 'legionella' em Lisboa são devolvidos às famílias ao fim da manhã, depois de autopsiadas no Instituto de Medicina Legal.

– O INEM volta a encaminhar os doentes da zona do Hospital São Francisco Xavier.

– O Governo anuncia que vai criar sanções e regras mais apertadas no controlo da qualidade do ar interior dos edifícios e nas torres de refrigeração para evitar o desenvolvimento de bactérias como a ‘legionella’.

9 de novembro

– O número de casos confirmados sobe para 41.

- O ministro da Saúde diz que se espera que entre segunda e terça-feira os novos casos de ‘legionella’ comecem "a tender para zero", quando termina o tempo máximo para o período de incubação.

- O Presidente da República mostra-se mais tranquilo quanto ao surto de ‘legionella’, considerando que deste caso se aprende a importância da colaboração entre as autoridades e que se deve cumprir a lei com sensibilidade em relação às pessoas.

10 de novembro

– O número de mortos por 'legionella' no surto do São Francisco Xavier sobe para quatro e o número de casos de infetados aumenta para 44.