"As situações mais críticas que ainda temos são as freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca [pertencem à mesma União de Freguesias], do Carriço, do Louriçal e de Almagreira, com problemas de energia elétrica e de comunicações”, adiantou o presidente da Câmara de Pombal, Diogo Mateus (PSD), à margem de um briefing esta manhã, no Louriçal.

Apesar destas condições, o autarca tentou que “todas as escolas do 1.º ciclo e pré-escolares estivessem hoje abertas".

Para tal, segundo o presidente, era necessário "garantir previamente a segurança no acesso às escolas - abertura das vias -, as instalações dentro da própria escola, que não tivessem árvores derrubadas ou telhas caídas, e as refeições tinham de ser asseguradas".

"O único caso que não foi possível foi a sede do Agrupamento de Escolas da Guia, que tem 2.º, 3.º ciclos e secundário, e que ficou fechada, devendo abrir amanhã [terça-feira]", revelou.

Diogo Mateus explicou que, durante a noite de sábado, foi dada prioridade ao desimpedimento das vias principais para evitar acidentes e permitir que condutores que tivessem ficado barrados por alguma queda de árvore pudessem regressar a casa.

No entanto, em vários locais da freguesia do Louriçal ainda são visíveis cabos de eletricidade caídos e árvores derrubadas, decorrendo os trabalhos no terreno.

O presidente do município informou ainda que, nestas freguesias, a água também faltou, na sequência da falta de energia. "O problema do abastecimento de água está praticamente resolvido", garantiu, revelando que, num primeiro levantamento efetuado, foram identificados "mais de 15 hectares de estufas que estão completamente destruídos".

Diogo Mateus já contactou o secretário de Estado da Agricultura, pedindo-lhe "uma especial atenção", e apelou junto do gabinete do secretário de Estado da Administração Interna para que "insistisse" com as operadoras de telecomunicações para resolverem o problema.

"É uma prioridade o restabelecimento das comunicações e estamos sem redes móveis em Guia, Mata Mourisca, Almagreira, Louriçal e Carriço. Acredito que resolvemos metade dos problemas quando tivermos as comunicações todas a funcionar", afirmou.

Além de inúmeras casas sem telhas, Diogo Mateus afirmou desconhecer que haja desalojados: "Temos muita gente no terreno a fazer o levantamento, mas até ao momento não há relato de alguma dessas situações. No entanto, face à falta de comunicações pode haver algum caso que desconheçamos", admitiu.

Diogo Mateus referiu ainda que a zona industrial da Guia sofreu alguns prejuízos e há "algumas unidades que não estão a trabalhar, porque não têm energia".

Segundo o presidente, a EDP já disponibilizou 50 geradores e a autarquia já solicitou mais equipamentos, que permitam fazer chegar a energia à casa das pessoas e às pequenas empresas.

A passagem do furacão Leslie por Portugal, no sábado e domingo, onde chegou como tempestade tropical, provocou 28 feridos ligeiros e 61 desalojados.

A Proteção Civil mobilizou 8.217 operacionais, que tiverem de responder a 2.495 ocorrências, sobretudo queda de árvores e de estruturas e deslizamento de terras.

O distrito mais afetado pelo Leslie foi o de Coimbra, onde a tempestade, com um "percurso muito errático", se fez sentir com maior intensidade, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).

Na Figueira da Foz, uma rajada de vento atingiu os cerca de 176 quilómetros por hora no sábado à noite, valor mais elevado registado em Portugal, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).