Em comunicado, a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia disse estar particularmente preocupada com a contaminação da água e a falta de saneamento após duas barragens terem rompido durante a tempestade mediterrânica Daniel, que enviou uma parede de água para cidade oriental de Derna, em 11 de setembro.

Cerca de 11.300 moradores da cidade foram mortos e outras 10 mil pessoas estão desaparecidas, presumivelmente mortas, disse o Crescente Vermelho do país.

A missão disse que há nove agências da ONU que respondem ao desastre e trabalham na prevenção da propagação de doenças, que podem causar “uma segunda crise devastadora na região”.

A Organização Mundial da Saúde enviou 28 toneladas de abastecimentos médicos para o país devastado.

Haider al-Saeih, chefe do Centro de Combate a Doenças da Líbia, disse no sábado na televisão local que pelo menos 150 pessoas sofreram de diarreia depois de beberem água contaminada em Derna. Nenhuma atualização adicional foi fornecida.

O desastre trouxe uma rara unidade à Líbia, rica em petróleo, que está dividida entre administrações rivais desde 2014. Ambas são apoiadas por patrocinadores internacionais e milícias armadas cuja influência no país aumentou desde que a revolta da Primavera Árabe, apoiada pela NATO, derrubou o governante autocrático Muammar Kadhafi em 2011.

Moradores das cidades vizinhas de Benghazi e Tobruk ofereceram-se para acolher os deslocados, enquanto voluntários procuram sobreviventes enterrados sob os escombros.

Os governos rivais enviaram equipas humanitárias para a cidade portuária e para outras áreas afetadas do país, mas inicialmente tiveram dificuldades em responder à crise.

Os seus esforços foram prejudicados pela má coordenação, pela dificuldade em levar ajuda às zonas mais atingidas e pela destruição das infraestruturas de Derna, incluindo várias pontes.

O ministro da Saúde do governo oriental da Líbia, Othman Abduljaleel, disse no domingo que o seu ministério iniciou um programa de vacinação “contra doenças que geralmente ocorrem após desastres como este”, mas sem mais detalhes.

Até domingo, 3.283 corpos foram enterrados, disse Abduljaleel, muitos em valas comuns nos arredores de Derna, enquanto outros foram transferidos para vilas e cidades próximas.

Também hoje, a UNESCO disse estar preocupada com o estado das ruínas de Cirene, uma antiga cidade greco-romana que fica a cerca de 60 quilómetros a leste de Derna.

“A UNESCO está em contacto com arqueólogos no terreno e a sua equipa de imagens de satélite também está a tentar estabelecer quais poderão ser os danos”, afirmou a agência num comunicado enviado à Associated Press.

Cirene é um dos cinco locais do Património Mundial da UNESCO na Líbia.