O canal Al Arabiya divulgou uma informação atribuída ao Exército Nacional Líbio (ENL) em que este informava que o avião abatido no sul de Tripoli pertencia à Operação Sophia e garantia que devolveria imediatamente o piloto, de origem portuguesa.

Inicialmente, numa outra versão divulgada pela agência turca Anadolu, o ENL, as forças leais ao marechal Khalida Haftar, começaram por atribuir o avião às forças leais ao Governo reconhecido pela ONU, tendo capturado o piloto.

As forças leais a Haftar, que controla o leste da Líbia, diziam ter abatido um avião do Governo de Acordo Nacional (GAN) que teria tentado atacar posições no distrito de Hira, a sul de Tripoli.

Mas, segundo o ENL garantiu ao canal Al Arabiya, o aparelho abatido seria um avião de vigilância usado para monitorizar as rotas de tráfico de migrantes no Mediterrâneo.

Agora, em informação prestada à Lusa, a Operação Sophia nega que o avião seja seu e diz mesmo que a missão não utiliza sequer aquele tipo de aparelho – um Mirage F1.

“Além disso, de acordo com o mandato que nos foi dado, as forças Sophia apenas operam em águas internacionais, não no território da Líbia”, esclareceu o porta-voz, Antonello Sonnino.

Força Aérea portuguesa esclareceu, por seu turno, que atualmente Portugal não tem meios nem militares na Operação Sophia, da União Europeia, e que também não tem aeronaves como a que foi abatida na Líbia.
"A Força Aérea não tem nenhum meio na Operação Sophia", disse à agência Lusa o porta-voz daquele ramo das Forças Armadas, acrescentando que Portugal também não possui "aquele tipo de avião".

A Operação Sophia, que substituiu as Forças Navais Europeias no Mediterrâneo - EU NAVFOR Med, tem como missão a identificação, captura e eliminação de navios usados ou suspeitos de serem usados para o tráfico de migrantes na zona sul do Mediterrâneo central.

De acordo com o ENL, o avião foi abatido 70 quilómetros a sul de Tripoli, portanto em território soberano da Líbia.

O ENL divulgou imagens do piloto, que parece ferido, e num vídeo do suposto piloto, um dos combatentes do ENL pergunta-lhe em inglês se é militar e ele responde: "Não. Sou um civil".

Segundo a agência France Presse, na página oficial do Exército Nacional Líbio (ENL), de Haftar, o piloto é apresentado como "um mercenário português".

A Líbia tem sido vítima do caos e da guerra civil desde que, em 2011, a comunidade internacional contribuiu militarmente para a vitória dos diferentes grupos rebeldes sobre a ditadura de Muammar Khadafi (entre 1969 e 2011).

Os combates opõem as forças do Governo de Acordo Nacional, reconhecido pela comunidade internacional, ao Exército Nacional Líbio proclamado pelo marechal Haftar, homem forte do leste líbio que ordenou, em 4 de abril, a conquista da capital, Tripoli.

Segundo as Nações Unidas, os confrontos já causaram pelo menos 432 mortos, 2.069 feridos e mais de 55 mil deslocados.

Os dois lados acusam-se mutuamente de recorrer a mercenários estrangeiros e de beneficiar do apoio militar de potências estrangeiras.