“O Serviço Nacional de Saúde enfrenta (SNS) um problema muito sério. Temos tido evidências nas últimas horas, nos últimos dias, de urgências que continuam fechadas, de grávidas que fazem centenas de quilómetros pelo país todo, ou que não são sequer atendidas. Temos notícia das últimas horas de que na margem sul do Tejo não há urgências obstétricas abertas, temos notícias de Leiria onde as grávidas têm sido encaminhadas para o Porto”, apontou Rui Rocha.
Para o líder da IL, que falava aos jornalistas após uma visita aos Bombeiros Voluntários Famalicenses, em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, esta realidade “é o exemplo mais emblemático, pela negativa, de um Serviço Nacional de Saúde que não está a funcionar”.
“Temos tido exemplos dramáticos de pessoas que não são atendidas em situações dramáticas, de grávidas que passam horas em ambulâncias, que são recusadas em hospitais, que têm de fazer centenas de quilómetros. E há um problema de base que é o seguinte: este Governo apresentou um plano de Verão, e esse plano de Verão falhou”, acusou Rui Rocha.
O presidente da IL entende que os planos de Verão se fazem para aumentar o acesso aos serviços e aos cuidados e para estabilizar esse acesso, para que as pessoas saibam com o que contam.
“Hoje, em Portugal, nomeadamente nas urgências de obstetrícia, as grávidas não sabem qual o serviço que está aberto, onde é que vão ser atendidas, que dificuldades, quantas horas e quantas mudanças de serviço vão enfrentar. É óbvio que o plano de Verão das urgências, nomeadamente de obstetrícia, falhou. O Governo tem a obrigação de falar aos portugueses e de lhes dar alguma satisfação relativamente ao que se está a passar”, afirmou Rui Rocha.
Para o líder da IL, “há dias que não há posição do Governo” face ao que se está a passar na Saúde, considerando “preocupante” o silêncio do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e da ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
“Aquilo que o senhor primeiro-ministro disse há uns dias, que ‘por respeito ao ciclismo não ia falar no problema das urgências’, não foi uma frase feliz. Espero que essas explicações sejam dadas”, declarou.
Além das explicações, o presidente da IL disse esperar que “o Governo tenha mesmo coragem” de mudar o sistema rotativo de abertura de urgências, “que não funciona”, fórmula que já havia sido utilizada pelo Governo PS e replicada pelo atual Governo da AD.
“Não é a solução. De forma urgente, propomos que seja definido um conjunto de urgências mínimas que estejam sempre abertas e que as populações possam utilizar por região, por distrito, pela organização regional que se entender, mas que se assegure que, pelo menos, essas estão sempre abertas, para não assistirmos aos casos dramáticos que temos assistido”, defende Rui Rocha.
Nos últimos anos, segundo Rocha, “tem havido cada vez investimento, cada vez mais recursos a serem investidos” no SNS, mas o serviço e o acesso à saúde pelos portugueses “estão a piorar”.
“E depois, estruturalmente, [temos] uma visão completamente diferente do acesso à saúde, com os particulares, os privados, as áreas sociais a serem disponibilizados aos portugueses, e estes a escolherem os serviços que mais lhes convêm”, frisa o líder da IL.
Questionado sobre os cem milhões de euros gastos até junho para pagamento a médicos tarefeiros, Rocha não se mostrou surpreendido.
“Esse dado dos cem milhões de euros não é surpreendente, porque conhecemos a realidade, sabemos que muitas necessidades permanentes do Serviço Nacional de Saúde têm estado a ser supridas por tarefeiros, o problema é global e estrutural”, afirmou Rui Rocha.
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