O líder da IL foi instado a comentar a notícia divulgada hoje pelo jornal Expresso sobre novas suspeitas na Defesa e que refere que o ministro João Cravinho, na altura responsável pela pasta, “terá avançado sem cobertura do Tribunal de Contas nem contrato para a manutenção dos helicópteros EH-101” (cuja esquadra assegura as missões de busca e salvamento).

De acordo com a publicação, “foi para dar assessoria à renegociação desse contrato com o fabricante — que nunca chegou a entrar em vigor —, que Marco Capitão Ferreira recebeu 61,5 mil euros, sem que a Polícia Judiciária tivesse encontrado provas materiais do serviço prestado em apenas cinco dias”.

“Eu creio que o ministro Cravinho quer nesta sua aparição como ministro dos Negócios Estrangeiros, quer na sua aparição como ministro da Defesa, no Governo anterior, vai somando uma sucessão de casos dificilmente justificáveis”, afirmou Rui Rocha, que falava à margem de uma visita à unidade industrial de Vila Real da Continental.

O presidente da IL defendeu que “tudo isto tem que ser esclarecido” e referiu que “há um conjunto de ministro, entre os quais o ministro Cravinho, que estão francamente fragilizados”.

“Mas a responsabilidade já não é de nenhum destes ministros por si, é da responsabilidade do primeiro-ministro que não consegue gerir a sua própria casa”, frisou.

Rui Rocha disse que o primeiro-ministro “foi muito claro em determinada altura, no parlamento, ao dizer que ele é que escolhe os ministros quer no sentido de os nomear, quer no sentido de os fazer sair do Governo, pois a responsabilidade é dele”.

“Agora que há um envolvimento sucessivo de João Cravinho em situações pouco claras, que há cada vez mais dúvidas da forma como foi gerido o ministério da Defesa e tudo aquilo que é a situação que envolve a Defesa Nacional, com casos como o de Marco Capitão Ferreira, que, de facto, levanta muitas dúvidas, com casos como Alberto Coelho, que está envolvido também na operação ‘Tempestade Perfeita’, tudo isso parece haver aqui uma nebulosa de casos, dos quais o ministro Cravinho não sai bem”. Sai, frisou, “com muitas dúvidas”.

“E, por exemplo, já quando havia evidências de que o hospital militar tinha tido um grave desvio dos seus custos e havia evidências de que tinham sido cometidas ilegalidades sucessivas na gestão dessa obra, o ministro Cravinho insistiu em nomear alguém que hoje é arguido no âmbito de um processo”, acrescentou.

A Comissão de Defesa aprovou esta semana a audição conjunta da ministra da Defesa Nacional e do anterior titular do cargo e atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Gomes Cravinho, sobre “os factos vindos a público” que envolvem Marco Capitão Ferreira.

Também esta semana, a ministra da Defesa solicitou ao Tribunal de Contas uma auditoria financeira à idD Portugal Defence, depois de Marco Capitão Ferreira, ex-secretário de Estado que presidiu a esta ‘holding’, ter sido constituído arguido na semana passada âmbito do processo “Tempestade Perfeita”, que levou a Polícia Judiciária a fazer buscas no Ministério da Defesa.