Numa intervenção em Vilshofen (sul da Alemanha), Olaf Scholz, nomeado após Martin Schulz ter anunciado na terça-feira a sua saída imediata da presidência do SPD, destacou que a força política conseguiu incluir no acordo de coligação matérias fulcrais relacionadas com as áreas do trabalho, educação, tecnologia e habitação social.
“Dois terços deste acordo figuram no programa eleitoral do SPD. Este é um acordo que pode ser apoiado”, assegurou Olaf Scholz, que é apontado como o possível ministro das Finanças do futuro governo de coligação da Alemanha caso os militantes sociais-democratas aprovem o pacto fechado com a União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel e a União Social-Cristã (CSU) de Hörst Seehofer.
Olaf Scholz destacou também a orientação pró-europeia do acordo, algo que, na sua opinião, também é um sinal da influência do SPD no documento.
E argumentou que a chegada de Emmanuel Macron à Presidência francesa abriu “uma janela temporária” para tentar avançar na integração da União Europeia (UE).
“A UE é uma razão para este acordo. Foi aberta uma janela temporária. Agora temos de negociar, e não daqui a dez anos”, assegurou o líder interino do SPD.
Olaf Scholz, que também é membro da direção do SPD e presidente da câmara e governador da cidade alemã de Hamburgo, sublinhou que o partido aceitou negociar com os conservadores porque a força partidária “assume as responsabilidades em tempos difíceis”.
Os cerca de 460.000 militantes do SPD ainda têm de aprovar o acordo de coligação, alcançado no passado dia 07 de fevereiro, para que seja possível formar um novo executivo na Alemanha.
A consulta interna, de caráter vinculativo, vai decorrer entre 20 de fevereiro e 02 de março. O resultado deverá ser divulgado a 04 de março.
O resultado desta consulta é incerto. Apesar da direção do partido apostar fortemente no “sim”, existe um setor da formação política, liderado pela juventude social-democrata (Jusos), que defende abertamente o “não” ao acordo. Aliás, a abertura das negociações com os conservadores provocou fortes divisões no SPD.
Scholz foi nomeado na terça-feira presidente interino do SPD depois de Martin Schulz ter anunciado a sua saída imediata da liderança.
O antigo presidente do Parlamento Europeu, que chegou a ser apontado como o futuro ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, já tinha anunciado, na semana passada, a sua intenção de renunciar em breve ao cargo de líder do SPD. Mas o clima de críticas no seio do partido acelerou a sua saída.
A direção do SPD propôs, de forma unânime, como candidata à liderança Andrea Nahles, de 47 anos, líder do grupo parlamentar do partido desde setembro de 2017 e conotada com a ala esquerda da formação.
Antiga ministra do Trabalho, que rejeitou participar na nova grande coligação, Andrea Nahles será a primeira mulher a liderar o partido fundado há 150 anos.
Para tal, o SPD vai organizar um congresso extraordinário, a 22 de abril, para a eleição do novo presidente, apenas um ano depois do congresso, também ele extraordinário, que elegeu Schulz com 100% dos votos dos delegados.
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