“A comunidade portuguesa está apreensiva, como todos os outros londrinos. Não creio que as pessoas mudem radicalmente com o estilo de vida, vão continuar com as suas rotinas”, disse Guilherme Rosa, em declarações à agência Lusa por telefone a partir de Londres.

O vereador na autarquia de Lambeth adiantou que “é possível que muitos portugueses que trabalham no centro de Londres, como motoristas ou elementos de empresas de segurança, passem a ter “mais atenção” e “um cuidado redobrado”.

“Isto foi feito antes das eleições, é o terceiro atentado em sequência, e é plausível que possa acontecer ainda outro, por isso as pessoas estão visivelmente preocupadas”, afirmou, sublinhando que os portugueses tornaram-se “mais defensivos”, apesar das rotinas do dia-a-dia se manterem.

O vereador português disse também que a partir de agora provavelmente menos pessoas vão passar as pontes de Londres a pé.

“Há muitas pessoas a trabalhar no centro da cidade e até utilizam estas pontes, as pessoas começam a ter preocupação em andar na rua até porque estes incidentes têm sido feitos com viaturas”, frisou.

Nos últimos dois meses e meio, o Reino Unido sofreu três ataques terroristas.

O primeiro aconteceu, a 22 de março, quando um homem ao volante de uma viatura atropelou vários peões na ponte de Westminster e, depois de sair da viatura, apunhalou um polícia no Palácio de Westminster e o segundo foi, a 22 de maio, em Manchester, noroeste de Inglaterra, no final de um concerto de Ariana Grande, quando um homem identificado se fez explodir junto de uma das saídas do Manchester Arena.

Pelo menos sete pessoas morreram, além de três atacantes abatidos, e outras 48 ficaram feridas na sequência de dois incidentes, no sábado à noite, em diferentes pontos de Londres: um atropelamento na London Bridge e apunhalamentos em Borough Market.

No sábado à noite, quando se registaram os atentados na capital britânica, Guilherme Rosa estava a jantar num restaurante português em Vauxhall, zona com grande presença de emigrantes.

"Ficamos a ver a televisão muito interessados e preocupados. Para nós, emigrantes com vidas normais, começa a ser um assunto muito premente e bastante vivo na cidade. Muitas pessoas evitaram ontem sair ou foram mais cedo para casa, como foi o meu caso, por esta preocupação que têm relativamente a esta situação”, contou.

O português referiu igualmente que, nos últimos dois meses, é o terceiro atentado terrorista, por isso, está a tornar-se num “hábito preocupante”, tendo em conta “a repetição de um modelo de atentado”.

Guilherme Rosa afirmou que hoje a cidade “parece um bocadinho mais calma”, mas o domingo é o dia da semana mais tranquilo.

Um dia após os atentados, Londres está normal, apesar do reforço de polícias nas ruas, nomeadamente nos cruzamentos e saídas do Metro.

“Vi muitas carrinhas da polícia a passar, há alguns polícias na rua. É muito provável que um dia depois dos atentados estejam todos os polícias de serviço, mesmo aqueles que estavam de folga. O cordão à volta da ponte de London Bridge continua, a ponte está encerrada e todas as ruas à volta”, disse, adiantado que ainda não viu o Exército na rua, como aconteceu após o atentado de Manchester.