Gabriela Figueiredo Dias respondia à acusação feita por Ana Gomes à CMVM, num encontro com jornalistas na sede do órgão de supervisão, em Lisboa, para apresentar as prioridades para este ano.
No passado domingo (19 de janeiro), a ex-eurodeputada Ana Gomes acusou o Banco de Portugal, a CMVM e a Procuradoria-Geral da República de serem "coniventes" com os esquemas alegadamente fraudulentos da empresária angolana Isabel dos Santos, denunciado por um consórcio de jornalistas, sendo designado de 'Luanda Leaks'.
Instada a reagir às declarações de Ana Gomes, Gabriela Figueiredo Dias afirmou que "a CMVM reage com tranquilidade, como sempre".
"A CMVM recebeu, ao longo do tempo, denúncias de Ana Gomes. Todas as denúncias recebidas são valorizadas, tratadas, endereçadas, acompanhadas, incorporadas depois no nosso trabalho", acrescentou a presidente do Conselho de Administração.
"Não significa isto que cada denúncia tenha uma resposta e uma ação concreta e direcionada, umas tê-lo-ão, outras são pura e simplesmente incorporadas na nossa ação", acrescentou, dando como exemplo a incorporação na formação do modelo de risco.
"Tudo isto que se passou nos últimos dias é fundamental para a CMVM, para absorver informação" que não tinha, "são uma fonte que valorizamos de forma relevante", sublinhou.
No domingo, reagindo à informação divulgada por um consórcio internacional de jornalismo de investigação – que integra o Expresso e a SIC – sobre várias transações suspeitas da empresária, em particular um esquema de ocultação para desviar 90 milhões de euros da petrolífera estatal Sonangol, a ex-eurodeputada apontou "cumplicidade" das autoridades portuguesas com esta "roubalheira organizada da cleptocracia que espolia o povo angolano".
"Obviamente que as autoridades [portuguesas] não podem continuar não só cegas, mas coniventes, porque é isso que tem acontecido. Sucessivos governos e governantes, alguns, em particular o Banco de Portugal e a CMVM, autoridades políticas e judiciais deveriam ter atuado", disse Ana Gomes, estendendo as críticas à PGR portuguesa: "Muita desta informação já se sabia, além das minhas denúncias concretas".
As "autoridades portuguesas não podem continuar a ser vistas como cúmplices por omissão", afirmou, na altura, Ana Gomes.
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