Alexandre Fonseca, ex-CEO da Altice, foi chamado para interrogatório pelo Ministério Público no âmbito da Operação Picoas.

O SAPO24 contactou a assessora do empresário, mas sem reposta. A Lusa confirmou a informação com o advogado da Altice.

"Foi constituído arguido, prestou declarações numa diligência, agora suspensa para continuar em data a designar", disse à Lusa Rogério Alves, remetendo para essa altura mais declarações sobre o caso.

Em causa no processo Picoas estão suspeitas de corrupção e falsificação de documento, relacionadas com decisões do grupo Altice que terão defraudado o Estado em mais de 100 milhões de euros, indicou anteriormente o Ministério Público.

Como tudo começou?

O gestor deixou o grupo Altice definitivamente em 2024 por ter sido alvo de buscas em julho de 2023, mas desde então não tinha sido constituído arguido.

"Quero reiterar que, por ser completamente alheio ao que tem vindo a ser publicamente veiculado no âmbito do processo em curso, irei exigir a clarificação de todos os factos e, assim, proteger a minha integridade, bom nome e o meu currículo publicamente reconhecido e valorizado", afirmou então, numa publicação na rede social LinkedIn.

Em janeiro de 2024, o gestor anunciou no LinkedIn, no Facebook e no X ter chegado a acordo com o grupo Altice para a sua saída da empresa.

Segundo o seu perfil no LinkedIn, Alexandre Fonseca é desde fevereiro de 2025 presidente do Conselho Estratégico para a Economia Digital da CIP - Confederação Empresarial de Portugal.

O cofundador da Altice, Armando Pereira, e o empresário de Braga, Hernâni Vaz Antunes, são os principais visados da investigação.

As buscas apontaram indícios de um esquema fraudulento, alegadamente liderado por Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes, que terá causado prejuízos superiores a 100 milhões de euros ao Estado e desviado aproximadamente 250 milhões de euros da Altice.

Os dois principais arguidos enfrentam acusações de pelo menos 32 crimes no âmbito da Operação Picoas. Armando Pereira é acusado de 11 crimes, incluindo seis de corrupção ativa no setor privado, um de corrupção passiva e quatro de branqueamento de capitais. Já Hernâni Vaz Antunes é acusado de 21 crimes, entre os quais oito de fraude fiscal qualificada, seis de branqueamento de capitais e sete de corrupção ativa no setor privado.

Em abril, solicitaram ao procurador-geral da República (PGR) a aceleração processual do caso, que se arrasta quase há dois anos.

*Com Lusa