Na pergunta dirigida ao Ministro de Estado da Economia e da Transição Digital, divulgada hoje, o grupo parlamentar comunista refere que a Efacec conta com cerca de 2.500 trabalhadores, tem tido um volume de negócios anual superior a 500 milhões de euros e é uma das mais importantes empresas industriais do país, reunindo os meios de produção e técnicos para o desenvolvimento de atividades nos domínios de áreas como energia, transportes ou ambiente.
Segundo o PCP, para além das dificuldades com que ao longo dos anos o grupo se confrontou, "nas últimas semanas têm vindo a público notícias que dão conta de dificuldades de funcionamento da Efacec e de vários cenários hipotéticos sobre o seu futuro", como a "criação por um consórcio de bancos composto por CGD, BCP, BPI, Novo Banco, Banco Montepio e EuroBic/BIC de uma sociedade veículo para onde transitaria temporariamente a maioria acionista da empresa".
Os comunistas consideram que o objetivo tem de ser o de assegurar a continuidade da empresa, mas evitar que a empresa seja vendida ao capital estrangeiro, "que pode ser um 'fundo abutre' para depois fazer dos seus ativos o que mais lucro lhe proporcionar".
Para o PCP deve ser considerada a possibilidade de uma intervenção do Estado, visando a recuperação do controlo público desta importante empresa da indústria nacional, defendendo os postos de trabalho e respondendo as necessidades mais imediatas de tesouraria, e projetando a sua integração e desenvolvimento no quadro do Sector Empresarial do Estado.
Nesse sentido, e partindo desta apreciação, o Grupo Parlamentar o PCP pergunta ao Governo se considera "concretizar a opção de controlo público e consequente integração no Sector Empresarial do Estado", tendo em conta o papel estratégico do grupo na economia da região e do país.
Os deputados questionam ainda que apreciação faz o Governo sobre as opções de gestão que têm caracterizado o Grupo Efacec, nomeadamente naquilo que diz respeito aos despedimentos, ao aumento do trabalho precário e ao confronto com direitos dos trabalhadores.
No requerimento, o PCP pergunta ainda que mecanismos ativou o Governo para o acompanhamento do processo de empresa em reestruturação desde que foi concedida a extensão para o triénio 2017/2019 e qual o montante total de financiamento com origem pública, incluindo fundos comunitários disponibilizados ao Grupo Efacec, assim como quais os investimentos a que se destinaram.
Em 22 de janeiro, a Procuradoria-Geral da República de Angola anunciou que Isabel dos Santos tinha sido constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol.
De acordo com a investigação do consórcio, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira.
A investigação revela ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana.
Na sequência desta investigação, que ficou conhecida como Luanda Leaks, a empresária abandonou a estrutura acionista da Efacec.
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