"A verdade é esta", começa, "há uma empresa que existe tem um know how, presta um relevante serviço a outras empresas". Como a Solverde, que "precisa de acompanhamento técnico e permanente" e, por isso, a empresa de Montenegro, a Spinumviva, trabalha para que protejam a informação e "para não terem coimas de milhões de euros".

"Não te nada a ver comigo, com a a minha família, nem com política, é trabalho puro", reforça, "não pratiquei nenhum crime nem falha ética". A empresa já existia e estava nas suas declarações de interesses, "ninguém descobriu nada". Pede confiança nas pessoas, e nas instituições, dirigindo-se aos portugueses: "Eu confio no vosso critério. Seria justo fechar tudo?".

"Creio que se o nosso sistema político não controla a conciliação entre a vida familiar e a vida política vamos ter políticos sem passado e sem futuro profissional", defende. "O país está em desenvolvimento", refere, enquanto felicita as recentes medidas implementadas pelo Governo. E, por isso, Montenegro pede ao país que seja "justo", garantindo que nunca cedeu "a nenhum interesse privado".

"Colocar Portugal, que está forte e se recomenda, numa crise política, é difícil de perceber. A crise política deve ser evitada, mas pode vir a ser inevitável", reconhece. No entanto, garante: "Estou aqui desde a primeira hora em exclusividade total em representação de Portugal", e acredita que o país o reconhece.

"A exposição a que fui sujeito chegou a um limite que nunca imaginei", lamenta. Contudo, Luís Montenegro diz que não quer fugir às suas responsabilidades e mostra-se disponível para o escrutínio.

Para terminar, anuncia: "A empresa será doravante detida e gerida pelos meus filhos, mudará a sua sede e seguirá o seu caminho exclusivamente na esfera da vida deles", deixando a mulher de ser sócia gerente.

Por fim, admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecerem se consideram que o executivo “dispõe de condições para continuar a executar" seu o programa.

“Em termos políticos e governativos, insto daqui os partidos políticos, representados na Assembleia da República, a declarar sem tibiezas se consideram, depois de tudo o que já foi dito e conhecido, que o Governo dispõe de condições para continuar a executar o programa do Governo, como resultou há uma semana da votação da moção de censura”, declarou Luís Montenegro, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento.

O primeiro-ministro afirmou que, “sem essa resposta, a clarificação política exigirá a confirmação dessas condições no parlamento, o que, por iniciativa do Governo, só pode acontecer com a apresentação de uma moção de confiança”.

Como tudo começou

A notícia foi avançada pelo o jornal Expresso que revela que o grupo de casinos e hotéis Solverde, sediado em Espinho, paga à empresa detida pela mulher e os filhos de Montenegro, a Spinumviva, uma avença mensal de 4.500 euros desde julho de 2021, por “serviços especializados de ‘compliance’ e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais”.

Antes desta comunicação reuniu com o partido e convocou um Conselho de Ministros extraordinário.

Em reação à notícia, Montenegro disse aos jornalistas, no Porto, que iria fazer “uma avaliação profunda” das suas condições pessoais, familiares e políticas. Escolheu a noite deste sábado “para encerrar este assunto de vez”.

*Com Lusa