“Em 2009, os países presentes à COP 15 em Copenhaga comprometeram-se em mobilizar 100 mil milhões de dólares [96,2 mil milhões de euros] por ano, a partir de 2020, para ajudar os países menos desenvolvidos a enfrentarem a mudança climática. Este compromisso não foi e não está sendo cumprido”, criticou Luiz Inácio Lula da Silva, na 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), que decorre até sexta-feira no Egito.

“Isso nos leva a reforçar, ainda mais, a necessidade de avançarmos em outro tema desta COP27. Precisamos com urgência de mecanismos financeiros para remediar perdas e danos causados em função da mudança do clima”, acrescentou.

O futuro Presidente brasileiro, eleito no final de outubro e que tomará posse em 01 de janeiro de 2023, defendeu não ser possível mais adiar o debate sobre compensações financeiras a países pobres afetados, um tema central que avançou pouco na conferência do clima organizada no Egito.

“Precisamos lidar com a realidade de países que têm a própria integridade física de seus territórios ameaçada, e as condições de sobrevivência de seus habitantes seriamente comprometidas. É tempo de agir. Não temos tempo a perder. Não podemos mais conviver com essa corrida rumo ao abismo”, defendeu Lula da Silva.

Falando sobre mudanças na governança global, o líder brasileiro disse ter concorrido e vencido as presidenciais também para propor uma nova governança global e até admitiu a criação de uma governança para o clima, lembrando que muitos tratados multilaterais para evitar o aquecimento global já foram assinados, mas não foram ratificados pelos políticos internamente nos países signatários.

Sobre governação global, o líder progressista voltou a criticar a formação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), lembrando que o mundo de hoje não é o mesmo de 1945, quando o órgão multilateral foi criado.

“É preciso incluir mais países no Conselho de Segurança da ONU e acabar com o privilégio do veto, hoje restrito a alguns poucos, para a efetiva promoção do equilíbrio e da paz”, disse Lula da Silva.

Citando dois projetos do seu futuro Governo no plano internacional, Lula da Silva referiu que pretende realizar uma Cimeira dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazónica, para reunir autoridades do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, países que têm parte da maior floresta tropical do planeta no seu território.

Segundo o futuro Presidente brasileiro, a cimeira servirá para os países discutirem de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática.

A segunda iniciativa que anunciou é a oferta do Brasil para sediar a COP30, em 2025, que já havia anunciado no Egito num breve encontro com governadores de estado que têm um espaço especial na COP27.

“Seremos cada vez mais afirmativos diante do desafio de enfrentar a mudança do clima, alinhados com os compromissos acordados em Paris e orientados pela busca da descarbonização da economia global”, afirmou Lula da Silva.

“Enfatizo ainda que em 2024 o Brasil vai presidir ao G20. Estejam certos de que a agenda climática será uma das nossas prioridades”, completou.

Lula da Silva também mencionou um acordo de cooperação entre Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo firmado neste ano e que pretende fortalecer em seu futuro Governo.

“Juntos, nossos três países detêm 52% das florestas tropicais primárias remanescentes no planeta. Juntos, trabalharemos contra a destruição de nossas florestas, buscando mecanismos de financiamento sustentável, para deter o avanço do aquecimento global”, concluiu.