“Temo que esta intervenção no Rio de Janeiro seja uma coisa pirotécnica, seja uma questão de interesse político puro e simples”, disse o Lula da Sila em entrevista à rádio Itatiaia.
Em sua opinião, Michel Temer procura uma maneira de “ser candidato à Presidência” nas eleições de outubro e pensou que “a segurança pública pode ser uma coisa muito importante” para alcançar o nicho eleitoral do deputado de extrema direita Jair Bolsonaro, que ocupa o segundo lugar em todas as sondagens de intenção de voto sobre as próximas presidenciais.
“O que eles pensaram? Vamos criar outro ‘show’ e eles criaram a intervenção no Rio de Janeiro, passando para a sociedade a ideia de que agora os problemas vão acabar, mas eles não vão acabar”, afirmou o ex-presidente brasileiro.
Lula da Silva também disse que a intervenção visa esconder o fracasso da reforma do sistema de pensões, que o atual Governo brasileiro decidiu definitivamente enterrar nesta semana porque não conseguiu apoio suficiente do Congresso par aprovar a medida.
O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) afirmou que optaria por investir em educação e política social para combater a criminalidade no Rio de Janeiro, que desde os Jogos Olímpicos de 2016 está imerso em uma grave crise de violência.
Para Lula da Silva, o uso das Forças Armadas é um facto temporário porque quando o exército brasileiro deixou a favela de Maré no ano passado após um ano de ocupação “os problemas retornaram”.
Michel Temer assinou na semana passada um decreto que passou a segurança pública do Rio de Janeiro para as mãos do Exército.
O texto foi ratificado nesta semana pelas duas câmaras legislativas do país, que, por maioria, apoiaram a medida para acabar com a guerra entre criminosos e contra as polícias, que tem elevado o número de crimes e a sensação de insegurança no Rio de Janeiro.
Lula da Silva, que lidera todas as sondagens sobre eleições eleitorais feitas no Brasil, quer concorrer e já aceitou a pré-candidatura lançada pelo PT.
No entanto, o ex-presidente pode ser impedido de concorrer devido à pena de 12 anos de prisão que recebeu de um tribunal de segunda instância num dos processos de corrupção que foi arguido.
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