Perto de 2.000 maçons vão escolher o grão-mestre e os dois adjuntos para os próximos três anos, em eleições que decorrem nas cerca de 100 lojas da mais antiga obediência maçónica de Portugal, fundada em 1808.

Nas eleições realizadas nos dias 3 e 4 de junho, nenhuma das três candidaturas à liderança do GOL – Maçonaria Portuguesa obteve mais de metade dos votos, o que obrigou a uma segunda volta entre as duas listas mais votadas, uma situação que não se verificava há 15 anos.

O politólogo José Adelino Maltez (lista A) obteve 445 votos, enquanto o jurista e atual grão-mestre Fernando Lima (lista C), que se recandidata a um terceiro mandato, averbou 414 votos, menos 31 do que o seu opositor.

No dia 14, o Grande Tribunal Maçónico proclamou os resultados definitivos da primeira volta, em que o economista Daniel Madeira Castro (lista B), que já tinha concorrido em 2014 contra Fernando Lima, obteve 374 votos e foi afastado da pugna final deste fim de semana.

Adelino Maltez e Fernando Lima fazem ambos parte do quadro de mestres maçons da Loja Universalis, em Lisboa.

Lima apresenta-se a sufrágio com o historiador António Ventura e Carlos Vasconcelos, atual presidente do Grande Tribunal Maçónico, candidatos ao cargo de grão-mestre adjunto.

Maltez é coadjuvado na lista por Luís Gonçalves Vaz, historiador, e Manuel Bastos Matos, advogado e antigo militar de Abril, que integrou a Comissão de Extinção da PIDE-DGS, criada na sequência do derrube do fascismo, no 25 de Abril de 1974.

Numa mensagem aos membros do GOL, a que a agência Lusa teve acesso, a lista mais votada apela para a participação dos maçons no ato eleitoral.

“A nossa consciência é o nosso templo mais sagrado”, afirmam Adelino Maltez, Luís Vaz e Manuel Matos, que querem protagonizar a mudança “com serenidade, determinação e sentido da responsabilidade, cumprindo escrupulosamente” os seus “juramentos de fidelidade” aos desígnios da instituição maçónica.

Num vídeo, o maçom Francisco Moita Flores apoia a lista A, vencedora na primeira volta.

Para o escritor e antigo presidente da Câmara Municipal de Santarém, Maltez “é o homem necessário e fundamental” para liderar uma “profunda transformação” da Maçonaria Portuguesa.

Nos últimos dias, no seio de uma “organização discreta” – como a define o antigo grão-mestre António Arnaut, apoiante de Fernando Lima, no livro “Introdução à Maçonaria” – a lista C divulgou posições de figuras públicas, como Amadeu Carvalho Homem e Vasco Lourenço, que apelam ao voto na candidatura de continuidade.

A mensagem do historiador Carvalho Homem é “especialmente dirigida aos irmãos que votaram na lista B”, de Daniel Castro, na primeira volta.

Lima, Vasconcelos e Ventura sublinham que o historiador de Coimbra faz parte de um grupo de irmãos que “resolveram juntar-se ao único movimento de renovação e de mudança fiel à identidade” do GOL.

“Muitas vezes, temos de engolir sapos e escolher o mal menor. Também eu não compreendo a teimosia de Fernando Lima por um terceiro mandato”, critica o militar de Abril Vasco Lourenço, apelando, ainda assim, ao voto na lista C.

Nos Estados Unidos, os eleitores “preferiram o Trump à Hillary Clinton. Os franceses optaram pelo Macron em detrimento da Marine Le Pen. Confio que os mestres maçons do GOL sigam o exemplo dos franceses e não o dos americanos”, compara e preconiza o presidente da Associação 25 de Abril.

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