“Um grupo de militares desertores, que se tornaram mercenários ao serviço da oligarquia colombiana, conspira a partir da Colômbia para dividir as forças armadas (…). E onde aparecer um traidor, justiça!”, disse Maduro antes de começar uma marcha ao lado de 2.500 militares.

Em cenas transmitidas pela televisão estatal, Maduro pode ser visto a andar pela base militar do Forte Tiuna, em Caracas, na madrugada de hoje com os principais comandantes e dezenas de soldados.

“Amam a vossa pátria? Defenderão a constituição? Defenderão o seu comandante em chefe?”, perguntou Maduro às tropas, que responderam com gritos: “sim, comandante em chefe!”.

Desde que o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se declarou Presidente interino na semana passada, Maduro apareceu quase diariamente na televisão estatal com os seus militares.

A pressão internacional tem vindo a aumentar contra o seu Governo.

Os apoiantes do Guaidó estão a planear hoje um protesto nacional para aumentar a pressão sobre Maduro.

O Presidente da Venezuela disse hoje à agência de notícias russa RIA Novosti que está disposto a sentar-se com a oposição para dialogar com uma agenda aberta, sobre a “paz e o futuro” do país.

As declarações de Nicolás Maduro à RIA Novosti surgem em plena crise política, que se agravou em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional autoproclamou-se Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Maduro.

A autoproclamação de Juan Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos, depois de ter prometido formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Maduro também disse que atualmente existem conversações neste sentido e espera que “haja bons resultados nas próximas horas”, já que vários governos lançaram a ideia de um diálogo, como o México, Uruguai, Bolívia, o Vaticano e a Rússia, entre outros.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse hoje que a Rússia está pronta para participar numa mediação internacional para tentar resolver a atual situação na Venezuela.

A UE já fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana causou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.