Nas últimas 24 horas, registaram-se 17 desembarques, o último durante a noite, quando 137 migrantes chegaram à ilha de Lampedusa a bordo de três barcos de sete metros que transportavam 68, 15 e 54 pessoas, noticiou hoje a imprensa italiana.

Os dois maiores grupos, formados por bengalis, egípcios, eritreus, paquistaneses, sírios e etíopes, relataram aos membros da organização humanitária que os resgataram que tinham saído de Zuara (Líbia), depois de pagarem 6.000 euros, enquanto o grupo de 15 migrantes afirmou ter zarpado na manhã de terça-feira de Sfax (Tunísia), uma viagem que custou a cada um 1.500 euros.

Na terça-feira também foram registados 14 desembarques, com um total de 482 migrantes.

Nas próximas horas, o navio “Sea Watch5”, que no dia 24 de dezembro resgatou 119 migrantes nas águas do Mediterrâneo Central, também chegará a Marina di Carrara.

A organização não-governamental (ONG) que gere o navio, a alemã Sea Watch, lamentou que as autoridades italianas os tenham enviado para um porto tão distante.

“Fica a cerca de 1.150 quilómetros de distância. O objetivo destes portos distantes é manter os navios de resgate afastados da área de operações para que não possam salvar outras pessoas em dificuldade”, criticou a ONG.

Entretanto, o navio da ONG espanhola Open Arms dirige-se também para o Mediterrâneo Central para uma nova operação de resgate de migrantes.

De acordo com dados atualizados em 22 de dezembro, este ano já chegaram à costa italiana 153.677 migrantes, metade dos quais sem ajuda e a outra metade resgatada por barcos-patrulha italianos.

O número de migrantes que foram ajudados por navios humanitários de resgate não chegou a 6.000.

Segundo o porta-voz do Gabinete de Coordenação do Mediterrâneo da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Flavio di Giacomo, “2.271 pessoas morreram este ano no Mediterrâneo Central, mais 60% do que no mesmo período do ano passado (1.413)”.

A rota migratória do Mediterrâneo Central parte sobretudo da Tunísia, Argélia e Líbia em direção à Itália e a Malta e é considerada uma das rotas migratórias mais mortais do mundo.

Mais próxima da costa africana do que da região italiana da Sicília, à qual pertence administrativamente, a pequena ilha de Lampedusa, com 20 quilómetros quadrados e cerca de seis mil habitantes, tornou-se um dos principais pontos de entrada na Europa de migrantes irregulares, na sua maioria subsaarianos, que atravessam o Mediterrâneo em embarcações precárias operadas por redes de traficantes.