A Oferta Particular de Obrigações da Câmara Municipal Ribeira Grande de Santo Antão no valor de 130 milhões de escudos (1,2 milhões de euros) foi destinada a investidores qualificados, com prazo de maturidade de 10 anos e uma taxa de juro de 4% ao ano.

Conforme apresentação realizada hoje na sede da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC), a amortização da dívida será semestral, no valor de 6,5 milhões de escudos (59 mil euros), o banco liquidatário é o Banco Comercial do Atlântico (BCA) e o interesse foi total.

O empréstimo obrigacionista destina-se ao saneamento da dívida municipal, mas o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santo Antão, Orlando Delgado, disse que vai permitir à autarquia realizar outros investimentos no concelho.

Segundo a mesma fonte, o município vai ter uma “folga grande”, com a redução de cerca de 2,7 milhões de escudos (24 mil euros) para cerca de 1,6 milhões de escudos (14 mil euros) o valor que pagava mensalmente de crédito aos bancos.

Com esse ‘ganho’, a autarquia pretende realizar “o mais rapidamente” outro empréstimo obrigacionista, agora no valor de 110 milhões de escudos (997 mil euros) para investimentos.

“Ou seja, fazer investimentos sem endividar a câmara”, frisou o autarca, o mais antigo no ativo em Cabo Verde, esperando que a segunda operação tenha a participação dos emigrantes, criando outra forma de estes continuarem a investir no concelho.

“Achamos que há outras soluções financeiras para nós podermos continuar com a árdua tarefa do desenvolvimento municipal. O problema maior que os municípios de Cabo Verde é o acesso aos recursos para nós podermos fazer os investimentos, e criar um ambiente sã para que o setor privado possa prosperar, possa crescer”, salientou Delgado, que lidera a autarquia ribeira-grandense desde 2005.

Conforme dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), o município da Ribeira Grande tem cerca de 15 mil habitantes, correspondendo a 3,1% da população de Cabo Verde e 41% da ilha de Santo Antão e uma taxa de desemprego de 4,2%.

O presidente da BVC, Miguel Monteiro, mostrou o “forte empenho” da instituição que dirige para ser um “parceiro ativo” do poder local, auxiliando na obtenção de recursos para a materialização dos objetivos traçados pelos municípios.

“Esperamos a breve trecho ter mais municípios a financiarem-se via mercado de capitais, pois seria certamente sinal de que mais populações estariam a ter melhores condições de habitabilidade, conforto e desenvolvimento sustentável”, pediu o dirigente.

Miguel Monteiro disse que ainda este ano mais um ou dois municípios cabo-verdiano vão realizar empréstimos obrigacionistas na BCV, esperando também conseguir no mínimo 11 emissões de obrigações diversas até final de 2023.

Com a emissão da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santo Antão, o presidente reafirmou que a BVC atingiu seis séries emitidas este ano, no montante de 2,03 milhões de escudos (18,4 milhões de euros), mais de 36% do total de 2022, mas 60% em termos de número de emissões do ano anterior, que já foi considerado um “ano extraordinário”.

Ribeira Grande de Santo Antão tornou-se assim no quarto município a emitir obrigações na BVC, depois do Sal – duas vezes e tendo sido o primeiro em 2010 -, da Praia e São Domingos (Santiago) e Mosteiros (Fogo).

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