Estas foram as mensagens centrais deixadas por Manuel Alegre no seu discurso perante o 22º Congresso Nacional do PS, na Batalha, distrito de Leiria, em que foi muito aplaudido e em que manifestou apoio à corrente jovem mais à esquerda dos socialistas, liderada pelo secretário de Estado Pedro Nuno Santos, contra as "tentações centristas".
"O PS não pode inverter o caminho atual. Uma viragem à direita representaria um risco de morte para o PS, porque o Bloco Central' empobrece a democracia e o 'centrão', hoje, ou em qualquer lado do mundo, significa empobrecimento do sistema e a ascensão do populismo", advertiu o ex-candidato presidencial.
Num discurso marcado por elogios ao Governo liderado por António Costa, Manuel Alegre defendeu que o PS "não deve ter medo de pedir a maioria absoluta" nas próximas eleições legislativas, mas qualquer que seja o resultado "deve manter a política de convergência de esquerda".
"É preciso que fique claro que o PS é um partido da esquerda democrática e não a ala esquerda do neoliberalismo, nem a bengala da direita", afirmou, já depois de ter considerado que a chamada "Terceira Via" que nasceu na década de 90, no Reino Unido, com Tony Blair, "foi um desastre para o socialismo e para a democracia".
No seu discurso, o histórico dirigente socialista referiu-se à corrente de Pedro Nuno Santos para dizer que a sua esperança "está nos camaradas mais jovens que defendem os valores da esquerda democrática".
"Estou com eles contra a tentativa centrista. Temos de ter cuidado com as contas públicas, porque são elas a base do crescimento económico e das políticas sociais. Sei que não se fica na história por 0,7% do défice, mas fica-se na história pelo défice mais baixo de sempre, pelo direito à habitação, pela escola pública, pelos direitos sociais e pela igualdade de género", contrapôs.
Perante os delegados socialistas, Manuel Alegre referiu-se a um pedido que o antigo presidente honorário do PS, António Arnaut, que faleceu na segunda-feira passada, deixou ao primeiro-ministro precisamente há uma semana.
"Costa, aguanta lá o Serviço Nacional de Saúde", revelou Alegre no final do seu discurso, citando António Arnaut.
No seu discurso, Manuel Alegre criticou igualmente lógicas do "politicamente correto", que se traduzem, por exemplo, na recusa da caraterização de "Descobrimentos" para a epopeia dos portugueses nos séculos XV e XVI.
Depois da crítica ao "politicamente correto" de uma certa esquerda portuguesa, insurgiu-se contra a emergência de populismos no mundo e contra uma União Europeia "dominada pelos interesses financeiros".
"Apesar dos constrangimentos é possível fazer diferente. Nós sabemos fazer contas melhor do que a direita e, por isso, a palavra 'geringonça' começou a ser traduzida em várias línguas", referiu.
Após defender a atual solução política do Governo português, que caraterizou como "uma revolução democrática dentro da democracia", Manuel Alegre sustentou que, se o seu partido não tivesse feito este caminho, "estaria a definhar", tal como outras forças políticas da sua família europeia.
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