Marcelo Rebelo de Sousa respondia a uma questão sobre migrações e refugiados, numa conferência sobre "Portugal e Espanha: Europa e América Latina", na Universidade Carlos III, na capital de Espanha, onde se encontra em visita de Estado.

Na resposta, em castelhano, o chefe de Estado reiterou a mensagem de que no espetro político português há "uma unanimidade absoluta" quanto à abertura aos refugiados e, a este propósito, afirmou que Portugal não tem extrema-direita.

"Mesmo a extrema-esquerda não existe mais em Portugal. Há a esquerda mais ambiciosa nas suas posições", acrescentou o Presidente da República, sem se alongar mais sobre este tema.

Estavam presentes na sala a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, e os deputados que o acompanham nesta visita ao Reino de Espanha: Carla Barros, do PSD, Luís Testa, do PS, António Carlos Monteiro, do CDS-PP e Rita Rato, do PCP – o Bloco de Esquerda optou por não se fazer representar.

Apesar de no domingo à noite, à chegada a Madrid, Marcelo Rebelo de Sousa ter declarado que não iria "falar de questões portuguesas" em Espanha, hoje comentou o atual quadro político nacional, nesta conversa com estudantes, e elogiou a procura de um "equilíbrio difícil" entre consolidação orçamental e preocupações sociais.

Segundo o Presidente da República, "Portugal tenta, busca apresentar uma via de equilíbrio – até hoje, com bons resultados", o que "é muito bom para Portugal, é muito bom para os portugueses".

Por outro lado, em resposta a uma pergunta sobre a União Europeia, voltou a apresentar-se como "um otimista realista" e apelidou o primeiro-ministro, António Costa, de "um radical otimista".

O primeiro-ministro português "é sempre mais otimista, todos os dias diz: que maravilha, vai ser um dia sem nuvens, maravilhoso", descreveu. "Eu digo: depende", acrescentou.

"No entanto, em relação à Europa, temos de ser exigentes, mas otimistas, e voluntaristas", defendeu.

Na sua intervenção inicial, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que "2018 será um ano marcado na América Latina por importantes atos eleitorais" – o Brasil vai eleger o novo Presidente em outubro – e advertiu para "a importância das lideranças e da sua qualidade, perseverança e adesão aos ideais das sociedades livres e democráticas".

Sem mencionar nenhum país em concreto, falando da América Latina e da Europa em geral, o chefe de Estado disse que é preciso haver "constituições fortes e lideranças fortes, baseadas no respeito pelo Estado de direito", e sugeriu uma reflecção sobre como adaptar "sistemas políticos que são atrasados".

"Não será ignorando a força da mudança que a conseguiremos deter", aconselhou.