"Como sabem, o Grupo de Arraiolos foi uma iniciativa do Presidente Jorge Sampaio. Vamos assinalar isso daqui a dois anos em Lisboa. Eu irei comunicar aos meus pares que Lisboa é exatamente a cidade escolhida para receber em 2020 a cimeira de Arraiolos", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Riga.
O chefe de Estado falava num hotel da capital da Letónia, onde chegou hoje para participar, entre quinta e sexta-feira, na 14.ª reunião do Grupo de Arraiolos, que junta anualmente chefes de Estado da União Europeia sem poderes executivos.
Este grupo informal reuniu-se pela primeira vez na vila alentejana de Arraiolos, em 2003, por iniciativa do então Presidente da República de Portugal, Jorge Sampaio, que procurou juntar um conjunto de chefes de Estado com poderes semelhantes aos seus para discutir o futuro da União Europeia.
De acordo com a Presidência da República, neste 14.º encontro, na Letónia, estarão, além de Marcelo Rebelo de Sousa e do Presidente do país anfitrião, Raimonds Vējonis, do Partido Verde Letão, os chefes de Estado da Alemanha, Áustria, Bulgária, Croácia - apenas no primeiro dia -, Estónia, Finlândia, Grécia, Itália, Letónia, Malta, e Polónia.
Desde a reunião de Arraiolos em 2003, realizaram-se treze encontros, que têm tido periodicidade anual. Marcelo Rebelo de Sousa, que assumiu funções como Presidente da República em março de 2016, esteve presente na 12.ª reunião, que decorreu nesse ano na Bulgária, e na 13.ª, em Malta, em 2017.
A reunião do próximo ano vai realizar-se na Grécia e Portugal irá organizar a reunião de 2020.
À chegada a Riga, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou a mensagem que tem repetido de que a União Europeia tem de tomar decisões com urgência, "antes do começo da campanha eleitoral para o Parlamento Europeu", em domínios como as migrações e refugiados e o quadro financeiro plurianual, para não se entrar "numa terra de ninguém".
"A Europa não pode perder tempo", afirmou.
O Presidente da República voltou também a advertir para um possível contexto de maior fragmentação e fragilidade das instituições europeias.
"Tudo o que possa ser decidido, mesmo em matéria económica e monetária, mais cedo, deve ser decidido mais cedo. Atirar para depois das eleições de maio é atirar para um Parlamento que não sabemos se não é mais fragmentado, para uma Comissão que não sabemos se não é mais fraca", disse.
O chefe de Estado insistiu que é necessária uma maior "proximidade em relação aos europeus" e apelou a um debate que "não seja marcado por radicalismos, por xenofobias, por chauvinismos, por posições que acabem por conduzir a uma clivagem, a uma divisão, a uma fragmentação europeia".
"Este é um momento de chamada de atenção para que se não cometam esses erros nomeadamente no período eleitoral", considerou.
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