Marcelo Rebelo de Sousa falava na abertura de um "Encontro Empresarial Espanha-Portugal", na sede da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE), em Madrid, durante a sua visita de Estado a Espanha.

"Os próximos meses serão decisivos para a Europa e para nós. Temos de lutar juntos pelo quadro financeiro plurianual, pensar na coesão, na Política Agrícola Comum (PAC), na inovação e qualificação, e pela união económica, financeira e bancária. E por instituições fortes, próximas dos europeus, eficientes e prestigiadas que travem populismos, aventureirismos e tentações corrosivos do projeto europeu", afirmou.

Na presença do ministro espanhol da Economia, Román Escolano, e do ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o Presidente da República completou: "Ao mesmo tempo que fazemos tudo para que os sistemas políticos domésticos se reforcem, se antecipem, se reformem, não criando vazios sempre contraproducentes".

Segundo o chefe de Estado, "é muito importante que a Europa não adie decisões, não se divida no essencial, não perca a dinâmica política, económica e social" e continue "a crescer, a criar emprego e proporcionando justiça social".

"Sonhar com o nosso sucesso numa Europa em crise ou em compasso de espera é pura ilusão", advertiu.

No início do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa saudou Espanha "pela recente designação do novo vice-presidente do Banco Central Europeu, um bom amigo de Portugal", Luis de Guindos.

Sobre as relações económicas bilaterais, descreveu-as como "muito estáveis e fortes" desde os anos 80, em resultado de "um processo, a começo, lento, depois mais rápido, adormecido com a crise e agora claramente revitalizado", para o qual a integração na União Europeia foi determinante.

"Os próximos cinco anos serão decisivos para desenvolver e aprofundar este processo", considerou.

Antes, o ministro espanhol da Economia, Indústria e Competitividade falou sobre a evolução recente das economias portuguesa e espanhola, sustentando que, "em ambos os países, as reformas estruturais empreendidas foram, sem dúvida, a base para conseguir a recuperação da atividade económica e do emprego".

Román Escolano apelou a que se "evite a complacência" e se continue "aprofundando as reformas".

Sobre a União Europeia, apontou como prioridades "completar a chamada união bancária" e "o fortalecimento da zona euro".

"Alegramo-nos que o Eurogrupo seja atualmente presidido pelo ministro português das Finanças, meu amigo Mário Centeno. Nas próximas semanas serão tomadas importantes decisões sobre união económica e monetária", disse.

Quanto às relações económicas bilaterais, o ministro espanhol salientou que "as exportações de Espanha para Portugal são maiores do que as para toda a América Latina" e destacou também o comércio de serviços e o investimento recíproco.

"Devemos aproveitar o bom momento económico para aprofundar ainda mais as boas relações económicas", acrescentou, em português.

No início deste encontro, o presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, pediu urgência na concretização das interligações energéticas entre Portugal, Espanha e França, "sistematicamente adiada".

Marcelo Rebelo de Sousa iniciou na segunda-feira uma visita de Estado de três dias ao Reino de Espanha, o maior parceiro comercial de Portugal.

As trocas de bens com o país vizinho têm aumentado nos últimos anos, com as exportações e as importações a crescerem continuamente e a balança a manter-se desfavorável para a economia portuguesa.

Espanha, que é a quinta maior economia da União Europeia e está entre os 20 maiores mercados mundiais, é o primeiro fornecedor de bens a Portugal, com uma quota atual de 31,9%, e o primeiro cliente das exportações portuguesas, com uma quota de 24,8% em janeiro e fevereiro deste ano.

Portugal, por sua vez, foi o quarto cliente das exportações espanholas, em 2017, com uma quota de 7% - nos anos anteriores tinha variado entre a terceira e a quinta posição. Como fornecedor de bens a Espanha, tem permanecido desde 2013 na oitava posição, com uma quota que no ano passado foi de 3,7%.

(Notícia atualizada às 12h12)