No último ponto da sua visita de Estado a Itália, durante a qual insistiu na importância do reforço do projeto europeu, Marcelo Rebelo de Sousa retomou esta mensagem, numa conversa de mais de uma hora e meia com estudantes universitários, na sede do município de Bolonha.
O chefe de Estado afirmou que “a Europa tem de mudar, de se reformar para ser mais forte e mais próxima das expectativas dos europeus”, antecipando e combatendo as causas dos fenómenos de demagogia, populismo, xenofobia e ultranacionalismos.
“Se as causas estiverem lá, os povos votam nessas propostas, porque votam pela negativa, pela contestação, pela rejeição. E quem aparecer a dar voz a essa rejeição, encontra um ambiente favorável. Portanto, não basta fazer a pedagogia da democracia, é preciso criar condições para o sucesso da democracia na Europa, antecipando os acontecimentos”, argumentou.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a Europa “se deve alargar, dentro do possível, ao maior número de países europeus, nomeadamente aos países dos Balcãs, até para evitar explosões a prazo” – uma posição que referiu ser uma das muitas que Portugal partilha com a Itália.
“É um processo, lento, longo, mas em que não se pode fechar a porta a quem está a fazer esforços de crescimento económico e de democracia”, disse.
Por outro lado, o Presidente da República apelou a uma União Europeia com “uma política económica mais ativa”, com “estímulo ao crescimento”, e que seja “mais coesa, menos desigual” e “mais transparente, mais próxima dos cidadãos”.
“Não pode ser um projeto de minorias iluminadas, porque se não os povos rejeitam a Europa. A solução não é deitar fora a Europa, a solução é mudar a Europa. Deitar fora a Europa é voltar ao caos interno na Europa, que já deu várias guerras e também já deu várias ditaduras”, advertiu.
Segundo o Presidente da República, hoje vive-se na Europa “qualquer coisa que faz lembrar há cem anos” e há que “aprender com essa experiência, evitando-a”.
“Por isso, é importante que haja um bloco de países que falem esta linguagem e que evitem clivagens depois irreversíveis, e que ponham a Europa a fazer mais e a fazer melhor, a ultrapassar este período de espera”, considerou.
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