“Penso que foi um momento importante para a justiça portuguesa, para a confiança dos portugueses na justiça, confiança dos portugueses nas instituições que mandam, confiança dos portugueses na democracia e, nesse sentido, foi muito positivo porque mostrou que ninguém está acima da lei”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas à saída do XXV Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), em Aveiro.

Em conferência de imprensa no sábado, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, revelou que João Rendeiro foi detido às 07:00 locais (05:00 em Lisboa) na República da África do Sul, onde chegou no dia 18 de setembro, adiantando que o ex-banqueiro reagiu com surpresa à detenção “porque não estava à espera”.

O chefe de Estado frisou que a justiça portuguesa e a PJ não desistiram, respeitando a soberania de outros Estados e da justiça sul-africana.

“Do que depende de Portugal ficou claro que a justiça faz tudo o que é necessário, primeiro para aplicar a lei a todos e, depois, executar a lei aplicada”, sublinhou.

Já sobre a associação feita entre a detenção de João Rendeiro e a aproximação das eleições legislativas, Marcelo Rebelo de Sousa refutou e considerou que quem a faz não conhece o que é uma investigação criminal e as dificuldades que implica quando atravessa fronteiras e países.

“É não ter noção que implica tantas diligências e processos complicados envolvendo países que são soberanos e com as suas autoridades judiciárias e, portanto, não se faz de um momento para o outro”, ressalvou.

O Presidente da República lembrou ainda que uma situação destas não é possível prever, faz-se quando é possível fazer-se desde que se persista e se ultrapasse obstáculos.

O presidente do PSD, Rui Rio, sugeriu hoje que a realização de eleições legislativas em 30 de janeiro influenciou a detenção do ex-banqueiro João Rendeiro, no sábado, na África do Sul.

Fonte da polícia sul-africana disse à Lusa que o ex-banqueiro será ouvido num tribunal de Durban na segunda-feira.

João Rendeiro, que em 28 de setembro foi condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva, num processo por crimes de burla qualificada, estava no estrangeiro e em parte incerta, fugido à justiça.